A Teoria da Evolução é popularmente disseminada na sociedade como sinônimo de progresso, aprimoramento… Um equívoco que até mudou o significado original da palavra evolução
A Teoria da Evolução é popularmente disseminada na sociedade como sinônimo de progresso, aprimoramento… Um equívoco que até mudou o significado original da palavra evolução
CRÉDITO: ILUSTRAÇÃO EM CIMA DE IMAGEM ADOBESTOCK
Em 1970, foi publicado o livro O Acaso e a Necessidade (“Le Hasard et la Nécessité”) pelo biólogo francês Jacques Monod (1910-1976), que ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia em 1965. O livro aborda a Teoria da Evolução como um “jogo cego” de acaso (mutações e deriva) e necessidade (pressões seletivas). Mais de meio século atrás, Monod criticava duramente as ideias de propósito associadas à evolução biológica, isto é, que as mudanças nas espécies teriam uma finalidade pré-determinada, geralmente direcionadas ao progresso constante como era compreendida a evolução por Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) no início do século 19.
Em 2025, a ideia de progresso na biologia é ainda um conceito popular na sociedade leiga e também acadêmica, representada pela figura emblemática de alguns antropoides bípedes alinhados na chamada “marcha do progresso”, que mostra a descendência a partir de uma primeira espécie de primata ilustrada muitas vezes por um chimpanzé ou outro macaco quadrúpede. Essa é a principal figura apresentada por mecanismos de busca quando pesquisamos por imagens com a palavra “evolução”. Etimologicamente, a palavra “evolução” significa mudança, mas foi transformada desde o século 19, assumindo o significado que remete à ideia de avanço, melhora e progresso. É comum ler e ouvir frases ou até mesmo ver representados em algumas propagandas comerciais, textos e imagens que hierarquizam objetos, equipamentos e organismos como “mais ou menos evoluídos”, “superiores ou inferiores”, “avançados ou primitivos”. Todas estas construções sociais modernas resultam de conceitos equivocados que remetem à premissa lamarckista de evolução, muito diferente da proposta de Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913) em 1858 e da ciência da biologia no século 21.
Grande parte da incompreensão da sociedade moderna sobre a ciência da biologia e sua única teoria unificadora, a evolução biológica, se deve ao conceito equivocado de progresso aliado às confusões sobre o papel do acaso e da necessidade, ou seja, da aleatoriedade da mutação e da deriva agindo junto ao determinismo da seleção natural.
Estes processos de mudança, de evolução, ocorrem nas populações de organismos ao longo de incontáveis gerações, outro conceito que transcende a vivência cotidiana de cada indivíduo, o qual frequentemente assume que as mudanças ao longo da vida de cada organismo passariam para a descendência, mais outro legado lamarckista de dois séculos atrás. Na ciência da biologia, embora Lamarck seja reconhecido por várias ideias revolucionárias para a incipiente biologia de sua época, sua proposta não é uma alternativa científica para explicar a diversidade e origem das espécies e nem deveria ser confrontada com a Teoria da Evolução atual como dois pensamentos concorrentes, tal como aparece em muitos livros didáticos do ensino médio.
A seleção natural é o processo “determinístico” e criativo da biologia, que produziu e continua produzindo diferentes genes, adaptações, indivíduos, populações e espécies com o passar das gerações. Ela atua sobre a variação genética pré-existente nas populações que se originou aleatoriamente sem qualquer evidência de propósito e que também é alterada entre as gerações de populações pela deriva genética, que é o acaso das combinações aleatórias de gametas que formam indivíduos a cada nova geração de espécies sexuadas. Todos esses fenômenos casuais e determinísticos em conjunto explicam a diversidade biológica, da mesma forma que o acaso e a gravidade explicam juntos o movimento dos corpos celestes na física, uma junção de variáveis que impossibilita a previsão exata de muitos eventos futuros, mas permite estimativas em termos probabilísticos.
Portanto, da próxima vez que virem uma figura com primatas enfileirados atrás do humano moderno (“superior”) ou metáfora equivalente, lembrem-se que isso não é evolução biológica para a ciência, mas reflete um conceito enviesado construído no século 20 que desconsidera a realidade, o acaso, a necessidade e a falta de propósito na biologia.
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