A jararaca-ilhoa que habita a ‘Ilha das Cobras’ – como é conhecida a Ilha da Queimada Grande, no litoral do estado de São Paulo – é cercada de mitos. Dizem, por exemplo, que essas serpentes foram levadas à ilha para proteger tesouros de piratas ou de navegadores espanhóis, porque seu veneno potente poderia matar uma pessoa instantaneamente.
Alegam, ainda, que a ilha tem a maior concentração de serpentes do mundo, e que elas teriam matado famílias que moraram lá, bem como seus animais, e até mesmo pescadores que, eventualmente, aportaram na ilha para pegar bananas.
Outras inverdades (não tão chocantes) são sobre a biologia e ecologia da espécie: diz-se que essa serpente se alimenta unicamente de aves e, por isso, é arborícola e tem hábitos exclusivamente diurnos.
Por causa do sensacionalismo, histórias assim têm atraído a atenção do público. Mas essas fake news podem prejudicar a conservação da espécie, considerada criticamente ameaçada de extinção. Para combatê-las, só há um antídoto: a verdade dos fatos científicos sobre a jararaca-ilhoa e seu hábitat (figura 1).