A comunicação quântica é uma das vertentes de uma grande área chamada informação quântica, campo de conhecimento multidisciplinar que vive na interseção da física quântica, da teoria da informação e da ciência da computação.
A essência da informação quântica pode ser sintetizada pela famosa frase do físico alemão Rolf Landauer (1927-1999): “Toda informação é física”. Ou seja, as leis de processamento da informação devem necessariamente se submeter às leis de física, e as leis da computação podem nos fornecer ideias inéditas sobre os princípios físicos fundamentais.
A informação quântica envolve toda a área do conhecimento relacionada à codificação de informação no estado de uma única partícula – ou seja, em seu estado quântico. Diferentemente do caso clássico – em que a informação digital é representada por bits e pode assumir o valor ‘zero’ ou ‘um’ –, o caso quântico emprega um fenômeno denominado superposição, que permite que um bit de informação (no caso, um quantum bit ou simplesmente qubit) possa ter, simultaneamente, os valores ‘zero’ e ‘um’, em diferentes proporções.
Por causa da superposição – e do emaranhamento, como veremos adiante –, o processamento quântico de informação pode fazer tarefas que não têm análogo no mundo clássico.
Essa e outras capacidades únicas da informação quântica fazem com que essa área de pesquisa atraia cada vez mais investimentos públicos e privados, com promissoras aplicações que já começavam a se delinear na atualidade. Três exemplos: computação quântica, sensoriamento quântico e comunicação quântica.
O último item acima é o estudo da transmissão de qubits de um local a outro. Para isso, empregam-se, em geral, fótons que carregam a informação a ser transmitida na forma de um propriedade específica dessas partículas de luz – por exemplo, o plano em que elas oscilam, propriedade denominada polarização.
Por exemplo, podemos atribuir aos planos de vibração (horizontal ou vertical) valores numéricos (zeros ou uns). Mas, como o fóton é uma entidade quântica, a polarização pode assumir um valor que é a superposição desses planos, representando ‘zeros’ e ‘uns’ simultaneamente. Portanto, um fóton polarizado pode atuar como um qubit (figura 1).