Populações ribeirinhas, indígenas, quilombolas e extrativistas atuam, lado a lado, com pesquisadores de universidades públicas na cartografia social, em mini laboratórios espalhados por regiões remotas do país. Esse trabalho pode representar o monitoramento em tempo real do desmatamento e das ameaças de devastação da floresta pelas próprias comunidades tradicionais, além de contribuir para preencher o chamado ‘vazio cartográfico’ reconhecido pelos órgãos oficiais.
A ciência de produzir mapas foi usada ao longo da história para conquistar territórios e dominar grupos sociais. Mas, com a democratização de tecnologias, a partir do final do século 20, esse instrumento de poder tornou-se também um instrumento político de defesa efetiva de comunidades: na Amazônia, as experiências da chamada nova cartografia social reúnem, no processo de produção de mapas, universidades e populações ribeirinhas, indígenas, quilombolas e quebradeiras de coco babaçu.
O mapeamento social – em que a comunidade local trabalha em conjunto com técnicos e faz uso de softwares e tecnologias avançadas – contribui para superar o chamado ‘vazio cartográfico’ de uma área de quase 1,8 milhão de quilômetros quadrados na Amazônia, da qual ainda se tem poucas informações territoriais. Também aponta para o potencial monitoramento, em tempo real, dos atos ilegais de desmatamento e devastação nas terras dos povos tradicionais.