É verdade que o ‘perfume do boto’ (supostamente afrodisíaco) contém pedaços do animal?
Salvatore Siciliano
Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz
Salvatore Siciliano
Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz
Em alguns casos, sim. Pesquisadores de instituições brasileiras analisaram o conteúdo de frascos dos famosos ‘perfume do boto’ e ‘perfume da bota’, que teriam um suposto poder afrodisíaco, e obtiveram resultados inesperados. As amostras foram coletadas em mercados e lojas de cinco estados brasileiros e depois submetidas a análise genética.
O estudo, publicado na revista Frontiers in Marine Science, mostrou que os frascos originários dos estados do Pará, Maranhão e Bahia continham tecido que, de fato, pertence a botos. Mais especificamente, continham pequenos pedaços de músculo de boto-cinza (Sotaliaguianensis), um cetáceo ameaçado de extinção que habita baías e estuários brasileiros. Nas amostras do Rio de Janeiro, foi constatada a presença de tecidos de porco doméstico. Além disso, porcos de diversas raças e origens estavam presentes no material analisado, o que indica que há uma variedade de fornecedores para um comércio bem ativo. Nos frascos adquiridos em São Paulo, não havia nem partes de botos nem de porco, apenas perfume. Os vendedores estavam cientes da proibição de uso de partes do corpo de uma espécie ameaçada.
O perfume do boto faz sucesso em muitas regiões do Brasil, com a promessa de atrair a pessoa amada. O poder afrodisíaco do boto está associado a uma antiga lenda amazônica, muito popular até hoje. Segundo ela, o boto cor-de-rosa sai dos rios nas noites de festas juninas e consegue se transformar em um homem jovem lindo, alto e forte. Bem-vestido, vai a festas e bailes noturnos em busca de belas jovens. Ele as seduz e consegue convencê-las a um passeio no fundo do rio, de onde elas voltam grávidas.
Os resultados da pesquisa servem como um alerta. Com base em puro misticismo, uma espécie ameaçada de extinção e protegida por lei é usada para fazer perfumes com ‘poderes especiais’ que não têm qualquer comprovação de eficácia.
Monica Lima e Souza
Instituto de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro
A Rússia é uma federação formada por 88 divisões territoriais, com diferentes povos e culturas. O idioma russo é o que predomina, mas outras línguas são faladas no país. Algumas delas são consideradas co-oficiais, como o
letão, o romeno e o tártaro. Com 17.075.400 km², o território russo está situado no leste da Europa e norte da Ásia – ocupa, portanto, áreas nos dois continentes.
E qual a importância de sabermos disso?
O fato de a Rússia ser formada por tantas divisões federativas, com idiomas e tradições próprios, nos faz pensar que a questão da construção da unidade do país é um desafio a ser enfrentado pelo governo. Em alguns desses territórios, há um forte desejo de parte da população em se separar da federação para constituir países independentes. Esses projetos separatistas não poucas vezes fazem surgir violentos conflitos.
Mas nem só de lutas internas vive a Rússia, sede da Copa do Mundo da FIFA em 2018. A produção literária russa é internacionalmente reconhecida. Desde o século 19, escritores como Tolstói, Dostoiévsky e Tchekhov, entre outros, com seus contos, romances e peças teatrais, se transformaram em referências que ultrapassaram as fronteiras do país e conquistaram leitores e admiradores em diferentes partes do mundo.
Isso não acontece só com os clássicos. Outros autores russos ganharam destaque no cenário mundial. Entre eles, Liudmila Petruchévskaia, de 80 anos, que escreveu mais de 15 livros e peças de teatro, traduzidos no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Uma de suas obras é: Era uma vez uma mulher que tentou matar o bebê da vizinha (Companhia das Letras, 2018). Chamada de herdeira da literatura clássica russa, ela escreve histórias inspiradas no folclore de seu país, a maioria delas protagonizada por mulheres. O humor e a tristeza se cruzam em uma narrativa contemporânea, coloquial e, ao mesmo tempo, conectada ao passado. Liudmila está entre os autores convidados para a Festa Literária de Paraty (Flip) de 2018, que acontece entre os dias 25 e 29 de julho no Rio de Janeiro.
A Rússia é esse enorme espaço de criação literária e artística e de diversidade – com todas as questões que isso pode acarretar.
Luiz Mors Cabral
Departamento de Biologia Celular e Molecular, Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense
Partindo do princípio de que câncer é a divisão descontrolada de células, tecnicamente plantas podem ter câncer, sim. No entanto, ao contrário do que acontece com animais, elas dificilmente morrem em consequência desse problema.
O principal causador de tumores em vegetais é uma bactéria chamada Agrobacteriumtumefaciens. Uma infecção provocada por esse microrganismo resulta no crescimento descontrolado de células em uma parte da planta. Quem presta atenção em árvores certamente já reparou nessas protuberâncias, chamadas galhas, que apresentam proliferação desordenada e aparência disforme, características de um tumor.
Mas as plantas não têm tumores graves, assim como os animais.
As plantas estão enraizadas na terra. Portanto, são incapazes de se abrigar. Recebem radiação solar direta, dia após dia. Qualquer animal sujeito às mesmas condições desenvolveria algum tipo muito sério de câncer, com toda a certeza. Mas plantas, apesar da superexposição ao sol, de alguma forma conseguem permanecer saudáveis. Existem algumas explicações para essa incrível capacidade.
Primeiro, células de vegetais não migram. São envoltas pela parede celular, e isso impossibilita a tão temida metástase que ocorre em animais. Assim, se uma célula vegetal perde a capacidade de controlar suas divisões, o efeito é local, e não sistêmico. As células com comportamento anormal não conseguem se espalhar para outras partes da planta.
Outra possível explicação está nos mecanismos moleculares que controlam a divisão celular em vegetais. Enquanto a maioria dos organismos possui apenas uma cópia para determinado gene, algumas plantas possuem dois ou três genes homólogos. Não se sabe exatamente o efeito que essas cópias extras têm no controle do ciclo de divisão celular, mas é possível que o tornem mais eficaz.
Dessa forma, as plantas estão sujeitas ao surgimento de tumores em algumas situações, mas não apresentam metástase e dificilmente morrem de câncer.
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