Quando os visitantes atravessam as portas do Museu Britânico, chegam a um dos espaços mais icônicos do conhecimento e da herança cultural da humanidade. Fundado em 1753, o museu dispõe de um acervo com materiais do mundo todo, um incrível feito para uma instituição do século 18, quando viagens internacionais ainda não eram acessíveis à maioria da população. A fundação do museu foi catalisada pela doação de uma enorme coleção pelo médico naturalista e colecionador britânico Hans Sloane (1660-1753). Mas por trás de seu vasto acervo de livros, plantas, fósseis e artefatos, existe uma história menos contada: o papel do colonialismo britânico e da escravidão na “coleta” de peças tão valiosas. 

Sir Hans Sloane nasceu em 16 de abril de 1660, em Killyleagh, no que é hoje a Irlanda do Norte. Filho caçula de um proprietário de terras, Sloane cresceu durante um período turbulento marcado por conflitos religiosos e políticos. A Irlanda do Norte havia sido brutalmente conquistada por Oliver Cromwell (1599-1658), uma guerra que devastou grande parte da ilha e foi marcada por confiscos de terras e reassentamentos forçados. Quando Sloane era menino, as tensões ainda eram altas entre os colonos protestantes, como seus familiares, e a maioria católica irlandesa, que havia sido desapossada de grande parte de suas terras.