Quem nunca sentiu ardor ao morder uma pimenta? A pimenta possui, em sua composição, uma substância chamada capsaicina, que é a responsável por essa sensação de queimação. Mas por que isso acontece? 

Qualquer sensação provocada por algum estímulo, como calor, frio, ardor, pressão, amargor, inicia-se com a detecção do mesmo por moléculas especializadas, localizadas em células (geralmente, neurais) que estiveram em contato com tal estímulo. Essa informação é levada através dos neurônios para o encéfalo, onde é processada e interpretada. 

No caso da pimenta, quando amassada, libera a capsaicina, que estimula sensores específicos –  chamados canais TRPV1 – na língua, na pele ou nas mucosas com as quais entra em contato.

Existem várias moléculas TRP – como TRPV1, V2, V3, V4, M8 –, presentes em células receptoras, que são sensíveis a variados graus de calor e de frio, assim como a outros estímulos. O TRPM8, por exemplo, é um sensor de frio que é estimulado pelo mentol e que dá a sensação gelada da hortelã. 

No caso dos canais TRPV1, estes são ativados tanto pela capsaicina quanto por calor nocivo e doloroso, acima de 42oC. Sabe-se que os TRPV1 estão espalhados pelo corpo e desempenham várias funções; inclusive, na dor inflamatória. 

Existe uma pomada anti-inflamatória, que contém capsaicina, cujo efeito colateral é provocar ardor no local onde se passa. A sensação de calor intenso provocada pela capsaicina, então, não indica necessariamente que o corpo está quente, mas que essa substância está ativando o TRPV1. É uma falsa sensação de calor. 

Descobriu-se, também, que o etanol pode estimular o TRPV1, além de inibir sensores que protegem do frio (TRPM8) e, portanto, trazer uma falsa sensação de aquecimento. Tanto a pimenta quanto o álcool, quando ingeridos em excesso, podem causar vasodilatação da pele e sudorese, que são respostas para o resfriamento corporal, porque o corpo interpreta erroneamente que está muito quente e precisa se resfriar.

Portanto, a pimenta não aumenta a temperatura interna do corpo.