Apesar da liberdade conquistada nas últimas décadas, falar sobre sexo com adolescentes ainda é tabu para muitas famílias. E o resultado dessa realidade é preocupante, como mostram as estatísticas de infecção por HIV e de Aids entre a população jovem do Brasil incluídas no Boletim Epidemiológico HIV/AIDS. De 2008 a 2018, o aumento da taxa de Aids entre jovens do sexo masculino de 15 a 19 anos foi 62,2% (317 para 525 casos, em números absolutos). Em 2019, houve uma queda para 223 casos. A infecção por HIV entre jovens de ambos os sexos passou de 350 casos em 2007 (4,6% do total) para 923 (5,2% do total) em 2019.
Diante desse quadro, parece não haver uma idade certa para começar a conversar sobre sexo com os jovens. A única certeza que deveria haver é a de que é necessário informá-los bem antes do início da vida sexual. Pais e educadores precisam refletir sobre como a sexualidade dos jovens é entendida e levantar onde eles têm buscado informações para ter uma vida sexual com qualidade. Essas duas reflexões permitirão identificar quais as necessidades dos adolescentes e, também, reafirmar a responsabilidade de se oferecer uma formação adequada sobre sexo.
É bem verdade que o Brasil obteve muitos avanços em qualidade, rapidez e tratamento do HIV/AIDS. Hoje, a camisinha não é o único meio de se frear a expansão do vírus. Os infectologistas destacam as profilaxias de pré e pós-exposição denominadas de PrEP e PEP, respectivamente, além das testagens rápidas, dos TARV (tratamentos antirretrovirais) e de outros aliados. No entanto, os retrocessos estão impressos, principalmente, pela dificuldade de os grupos mais vulneráveis terem acesso a esses recursos, mesmo estando disponíveis na rede pública de saúde.
As populações mais afetadas são, justamente, as que enfrentam os desafios para a cidadania por sofrerem com preconceitos advindos dos tabus sociais e de estigmas relacionados à orientação sexual, como LGBT+, profissionais do sexo, usuários de drogas, além da população mais pobre no geral, cuja a maior preocupação, muitas vezes, é a subsistência. Entretanto, nenhum outro grupo está imune ao contágio dessa Infecção Sexualmente Transmissível (IST), alguns apenas encontram mais condições de acesso aos serviços e tratamentos disponíveis.
Outras IST também preocupam, como é o caso da sífilis (cinco vezes mais incidente que o HIV e que apresenta o agravante da sífilis congênita), da clamídia, das hepatites virais, da gonorreia, do HPV e sua implicação no câncer de colo uterino, dentre outras. Todas podem apresentar impactos negativos na vida das pessoas acometidas, que vão desde a própria sintomatologia até os estigmas sociais. E em se tratando de adolescentes em fase escolar, isso se torna ainda mais desfavorável.
É notório que muitas escolas não realizam a abordagem em educação sexual, deixando a cargo unicamente da família essa responsabilidade e, quando esta também não o faz, acaba por deixar o jovem aprender a fazer sexo, fazendo – o que aumenta sobremaneira o risco de contágio com uma IST desde a primeira relação sexual.
Mas o que fazer para mudar essa realidade? No campo educacional, a escola surge como um pilar desse processo., onde é possível desconstruir, principalmente com relação às famílias, a ideia de que educação sexual estimula a iniciação precoce da atividade sexual.
Muitas são as maneiras para se abordar as temáticas relacionadas à educação sexual e, consequentemente, IST em sala de aula. Cada escola deve desenvolver essas ações de acordo com a realidade e a faixa etária dos alunos. É possível fazer numa disciplina específica ou de forma transversal, com a união de professores de várias áreas, ou por meio de rodas de conversa, pesquisas na internet, produção de vídeos em grupo, construção de mapas mentais, trabalhos e projetos individuais ou coletivos.
Mas, independentemente da forma, o grande desafio é chegar aos jovens sem tabus, estigmas sociais e preconceitos, promovendo sua autonomia e sem imposições quanto à forma de prevenção adequada para cada um. Só assim será possível criar a confiança necessária para a construção dos meios de formação da educação sexual. Essas atitudes, certamente, ajudarão a fortalecer os conhecimentos e apoiar as decisões dos jovens, evitando, assim, não apenas as IST, mas os preconceitos e os inúmeros casos de gravidezes indesejadas.
Dizer apenas para usar o preservativo ou fazer julgamentos, culpando o jovem por não ter usado camisinha, não resolve o problema. É preciso lembrar que, na sociedade brasileira, ainda existem, por exemplo, meninas que precisam esconder o anticoncepcional dos pais ou jovens que não têm acesso a preservativos por terem que fazer um cadastro para consegui-los.
Nesse contexto, os professores, principalmente os mais populares da escola, são figuras importantes por estarem próximos dos alunos e conhecerem sua linguagem e sua realidade. Estes podem ser grandes aliados na educação sexual, atuando como mediadores dessa formação, pois inspiram confiança entre os alunos, o que acaba por conferir significado aos seus discursos, tal como ocorre com os ídolos midiáticos nas redes sociais.
Outro atalho para alcançar os estudantes é justamente usar esses canais de comunicação populares entre eles, como YouTube, Instagram, Facebook, entre outros. Mais uma vez, é preciso instrumentalizá-los para o autocuidado, para formas de prevenção, para além do uso da camisinha.
Além dessas ou de outras estratégias, é urgente repensar nossa ideia sobre prevenção, sob o risco de vermos agravado o quadro de HIV/AIDS, que já é epidêmico, bem como das outras IST. É necessário rompermos os tabus e avançarmos para uma posição confortável para o diálogo sobre sexo que pode fazer frente à problemática das IST.
Glaudia Martins Balbino da Silva
Mestrado Profissional em Ensino de Biologia em Rede Nacional (ProfBio)
*Artigo resultante de entrevista com o médico infectologista e pesquisador Ricardo Vasconcelos, da Universidade de São Paulo
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