Assim como acontece com Wolverine, o famoso super-herói da Marvel, o corpo humano tem a capacidade de regenerar tecidos danificados. Mas seria possível refazer órgãos inteiros? Quais são os limites da regeneração?
Assim como acontece com Wolverine, o famoso super-herói da Marvel, o corpo humano tem a capacidade de regenerar tecidos danificados. Mas seria possível refazer órgãos inteiros? Quais são os limites da regeneração?
CRÉDITO: ADOBE STOCK
Wolverine, o super-herói mutante que integra os X-Men, da Marvel, tem a incrível capacidade de se recuperar instantaneamente de qualquer ferimento, por pior que ele seja
“Uma fria neblina preenchia aquela madrugada. À margem da estrada, o único abrigo disponível era o armazém, uma construção desgastada, quase escondida entre os pinheiros ainda cobertos pela neve. As paredes de madeira úmida, a luz fraca e as janelas velhas não eram muito convidativas, mas uma chaminé enfumaçada indicava uma desejável fonte de calor. Um forasteiro com a barba mal feita e o cabelo despenteado entrou com passos firmes. Como um animal que fareja a presa, ele foi de encontro a um caçador que bebia no balcão. Estavam irredutíveis em suas posturas. A intimidação deu lugar à violência de um golpe forte, com uma garrafa acertando em cheio o rosto do forasteiro. Ele respirou fundo e retirou um pedaço de vidro de dentro da ferida, pouco abaixo do olho. No mesmo segundo, o sangramento cessou e o ferimento foi se tornando menor, com a pele se refazendo instantaneamente.”
Esta cena poderia ter saído de um dos filmes de certo super-herói mutante que tem a habilidade de se regenerar para curar o próprio corpo de ferimentos. Mas, na verdade, ela é o que chamamos de fanfic, um tipo de narrativa criada por fãs muito comum na cultura geek e que tem como protagonistas personagens consagrados. Nesse caso, o protagonista é o famoso Wolverine.
Wolverine é o mais popular do time de super-heróis chamados de X-Men, da Marvel. O personagem de humor sarcástico e temperamento agressivo acumula décadas de aventuras nos cinemas e nos quadrinhos. Em suas histórias de sobrevivência, estão as grandes guerras mundiais, a guerra do Vietnã e também vilões fictícios, como Dentes-de-sabre, Magneto e tantos outros. O grande sucesso desse herói se deve, em parte, à sua incrível capacidade de regeneração, conhecida como ‘fator de cura’. Para se ter uma ideia, Wolverine já foi literalmente partido ao meio e conseguiu se recuperar desses ferimentos!
Essa habilidade de regeneração do corpo seria algo puramente fictício? Os primeiros machucados na infância nos ensinam que não! Afinal, quem nunca ralou o joelho quando criança e viu que, depois de um tempo, o machucado cicatriza e a pele se refaz? Mas quais são os mecanismos por trás dessa capacidade de regeneração do corpo humano? E quais são os seus limites?
Na vida real, a regeneração não ocorre como nos efeitos especiais dos filmes. Para que um ferimento cicatrize, é fundamental que as células se multipliquem em um processo chamado mitose. Nele, uma célula-mãe se divide ao meio, formando duas células-filhas idênticas à célula original. Com milhares de células realizando esse processo, uma quantidade enorme de novas células é produzida e, assim, o tecido danificado se refaz.
Mas, para que a mitose aconteça, as células devem antes completar o ciclo celular. Ou seja, as células não podem se multiplicar de uma hora para outra, muito menos instantaneamente, como acontece com Wolverine. Ao passar pelo ciclo celular, as células realizam etapas de preparação, que envolvem crescimento, produção de proteínas e duplicação de estruturas internas, incluindo material genético. Só depois dessas etapas, as células poderão se dividir. No ciclo celular, há também pontos de checagem, que funcionam como um eficiente controle de qualidade. As células defeituosas que, por acaso, se formem têm destino certo: a autodestruição!
O fator de cura de Wolverine permite que vários tipos de células se multipliquem de maneira sincronizada. Quando o herói recebe os mais fortes golpes dos vilões, diferentes tecidos começam a se reconstruir ao mesmo tempo. Ossos quebrados, músculos rompidos, pele rasgada, tudo se cura com a mesma velocidade. Teoricamente, seria como se todas as células estivessem na mesma fase do ciclo celular.
Fora das telas, não é bem assim… Cada tipo de célula tem seu próprio tempo para se multiplicar. No corpo humano, células intestinais, por exemplo, podem se duplicar em aproximadamente 12 horas. Células do fígado, por sua vez, levam um ano. E os neurônios simplesmente não realizam divisão celular depois de completamente formados.
As esponjas-do-mar podem ser completamente divididas em pedaços milimétricos que, posteriormente, se regeneram e dão origem a novas esponjas
Diante dessas explicações, o/a leitor(a) poderia pensar que a super-regeneração é uma habilidade restrita ao universo dos super-heróis. Mas isso não é verdade! No mundo real, muitos animais têm capacidades regenerativas comparáveis – ou até superiores – às do Wolverine. Assim como o herói da Marvel, estrelas-do-mar e pequenos invertebrados chamados de planárias podem continuar vivos e se regenerar após serem partidos ao meio! E, mais do que isso: pedaços arrancados do corpo desses animais também se regeneram, dando origem a novos indivíduos.
As esponjas-do-mar conseguem ser ainda mais incríveis. Elas podem ser completamente fragmentadas em pedaços milimétricos, e cada um desses pedacinhos formará uma nova esponja! Quem diria que o Bob Esponja teria um fator de cura melhor que o do Wolverine?!
Entre os animais vertebrados, mais próximos do ser humano, os maiores exemplos de regeneração são os lagartos. Diversas espécies, inclusive as lagartixas, conseguem desprender a cauda do corpo e, posteriormente, regenerá-la. Para esses animais, a cauda é um grande órgão, que corresponde a até 18% de sua massa corporal. E é uma parte importante da anatomia, envolvida em comportamentos sociais, reprodutivos e para evitar predadores. Daí a enorme necessidade de regenerá-la.
Lagartos conseguem regenerar um órgão tão grande como a cauda porque apresentam reservas de células-tronco em diferentes partes do corpo. Essas células funcionam como cartas-coringas, pois podem se diferenciar em qualquer tipo celular. Dessa maneira, além da mitose, a regeneração dos lagartos conta também com novas células se diferenciando em ossos, músculos, pele e até nervos. Não são conhecidos mamíferos com esses reservatórios de células-tronco espalhados pelo corpo. Essa é uma das razões pelas quais o ser humano não consegue regenerar órgãos inteiros.
Outra importante adaptação dos lagartos que otimiza sua regeneração é o quadro de hiperglicemia que eles apresentam durante esse processo. Com mais açúcar circulando pelo sangue, as células recebem uma quantidade maior desse nutriente, que é fundamental para a produção de energia. Com esse suprimento extra de energia, a mitose ocorre com eficiência máxima!
A próxima aventura de Wolverine estreia nos cinemas em 15 de julho, no filme Deadpool & Wolverine, dirigido por Shawn Levy. As capacidades regenerativas do herói serão levadas ao limite mais uma vez (devido às cenas de violência, o filme é recomendado para maiores de 18 anos). Mas, entre socos, chutes e garras de metal, lembre-se que os verdadeiros heróis do filme são pequenos e discretos: apenas células seguindo seu ciclo de crescer e se multiplicar!
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