Diante da ameaça de um mundo devastado pela extração desenfreada de recursos naturais, como o cenário dos filmes Mad Max, o reaproveitamento de um resíduo da produção de aço se destaca como alternativa sustentável para a infraestrutura ferroviária
Diante da ameaça de um mundo devastado pela extração desenfreada de recursos naturais, como o cenário dos filmes Mad Max, o reaproveitamento de um resíduo da produção de aço se destaca como alternativa sustentável para a infraestrutura ferroviária
CRÉDITO: DIVULGAÇÃO

Imagine o cenário de um futuro devastado, em que o mundo que conhecemos colapsou, as cidades viraram ruínas, os governos caíram, os recursos naturais foram explorados até o limite e o que resta é motivo de guerras. Um planeta quente, com ar seco, tempestades de areia e escassez. Os que restaram disputam cada gota de água, cada litro de combustível, cada pedaço de terra habitável.
Esse cenário pós-apocalíptico está presente em muitos filmes, como os da franquia Mad Max. Embora esse tipo de distopia possa parecer um pouco exagerado, alguns aspectos não estão tão longe assim da nossa realidade.
Em Mad Max, os personagens vivem em um mundo em que a luta por petróleo e água virou questão de sobrevivência e causa disputas violentas. Mas, se o roteiro do filme fosse atualizado para os desafios deste século, outros recursos também entrariam nessa batalha: alimentos, tecnologias de ponta e dados, minerais estratégicos, energia limpa e – por que não? – materiais sustentáveis. Afinal, em um mundo à beira do colapso, saber reaproveitar o que já existe pode ser a diferença entre o caos e a construção da ordem.
Por exemplo: se o mundo estivesse colapsando, como nós poderíamos manter as nossas estradas e ferrovias funcionando? É aqui que entra um protagonista improvável, um resíduo industrial geralmente ignorado, mas que, se bem aproveitado, pode se tornar a base de um sistema de transporte importante: as escórias siderúrgicas.
No universo de Mad Max, as escórias poderiam ser vistas como um recurso precioso em meio ao caos.

A escória siderúrgica é um resíduo da fabricação do aço que, depois de resfriado e fragmentado, adquire aparência rochosa, semelhante a brita ou cascalho
CRÉDITO: ACERVO PESSOAL
Nas indústrias siderúrgicas, durante a fabricação do aço – um material super importante para construir prédios, pontes, carros e até eletrodomésticos – a matéria-prima (minério de ferro) passa por um processo a altas temperaturas para se tornar ferro metálico e, depois, virar aço. Nesse processo, as impurezas são separadas do aço bruto que está sendo produzido. Essas impurezas recebem o nome de escória.
Depois de resfriada e britada (fragmentada em pedaços menores), a escória tem aparência rochosa, muito parecida com uma brita ou um cascalho.
A quantidade de escória gerada nas indústrias siderúrgicas é muito grande. O Brasil é o maior produtor de aço bruto da América Latina, gerando quase 24 milhões de toneladas por ano. Isso é ótimo para abastecer o mercado e a economia. Mas o problema é que, para cada tonelada de aço produzida, são gerados cerca de 200 kg de escória. E sabe onde a maior parte disso vai parar? Em aterros a céu aberto, formando montanhas cinzentas e cheias de poeira que, visualmente, até lembram as dunas do deserto de areia de Mad Max – só que menos cinematográfico. Quem já visitou cidades com siderúrgicas sabe do que estamos falando – as ruas, as casas e até as árvores… tudo fica coberto com uma poeira cinzenta.
É aí que a ciência entra em ação! Em vez de deixar esse material se acumular, ocupado um enorme espaço e causando problemas ambientais e sociais, é possível reaproveitar a escória siderúrgica. Ela pode ser utilizada como base para estradas, agregado para concreto e lastro de ferrovias.
Mas o que é o lastro ferroviário? São aquelas pedrinhas (rochas) que ficam embaixo dos trilhos por onde passam os trens. Elas são fundamentais para a estrutura das ferrovias, porque distribuem o peso dos trens (que pode chegar a 32,5 toneladas por eixo) para o solo. Além disso, elas mantêm os trilhos firmes no lugar, garantindo a estabilidade e a segurança da ferrovia.
Só que a extração dessas pedras da natureza tem um custo ambiental elevado: desmatamento, emissão de gases de efeito estufa, degradação de paisagens, emissão de poeira e consumo de um recurso natural que, um dia, pode acabar. E em um planeta que tenta evitar o colapso climático, isso se torna um grande problema.
É aí que a escória siderúrgica aparece como uma verdadeira heroína. Ela já foi gerada como subproduto da produção do aço, ou seja, não precisa ser retirada da natureza, e tem propriedades físicas compatíveis às do lastro de rochas naturais (ou até melhores), podendo ser utilizada nas nossas ferrovias. Além disso, ela é mais barata e ambientalmente mais vantajosa. Durante todo o seu ciclo de vida, ela não emite gases de efeito estufa, como o gás carbônico; pelo contrário, ela os captura, absorvendo-os da natureza! Ou seja, comparada ao lastro de rocha natural, a escória siderúrgica contribui bem menos para o aquecimento global.
No fim das contas, quando você ouve a palavra ‘escória’, pode até pensar em algo descartável ou sem valor. Mas a verdade é que esse material, às vezes subestimado, carrega um potencial incrível.

A escória siderúrgica britada é uma alternativa sustentável ao uso de rochas naturais como lastro ferroviário
CRÉDITO: ADOBE STOCK
Se pararmos para pensar no cenário de Mad Max, um mundo em colapso provavelmente não teria acesso tão fácil a pedreiras. Mas as cidades abandonadas, as fábricas destruídas e as indústrias siderúrgicas paralisadas deixariam para trás aquelas montanhas de escória.
A ficção científica tem esse poder. Ela exagera e dramatiza, claro, mas também nos faz perguntar: o que vai acontecer quando não houver mais rochas para extrair? E se um resíduo industrial puder virar solução? E se o futuro depender da nossa capacidade de reutilizar, reaproveitar, reinventar?
Essa ideia de transformar resíduos em recursos não é tão nova. Isso se chama economia circular. E o reaproveitamento das escórias siderúrgicas no lugar do lastro de rocha natural nas ferrovias é um exemplo prático disso. Se imaginarmos um cenário de escassez de recursos naturais – que, convenhamos, nem é tão distante assim –, é urgente aprender a enxergar valor naquilo que chamamos de resíduo. Esse é o lado mais ‘distópico’ da economia circular, quando o resíduo de uma indústria serve como matéria-prima para outra.
A ideia de substituir o lastro de rocha natural pela escória siderúrgica ainda enfrenta certa resistência no setor ferroviário. Isso é até compreensível. A rocha britada é um material tradicional, testado e normatizado. Trocar algo que funciona bem (embora esteja se esgotando) por uma alternativa gera receio, seja por falta de regulamentações específicas, seja por desconhecimento dos resultados já obtidos em pesquisas.
Mas tudo que é novo começa assim, gerando dúvidas. Para que a escória siderúrgica seja vista como uma opção viável, é importante que empresas, engenheiros e pesquisadores trabalhem juntos. Afinal, se queremos um futuro mais sustentável, precisamos abrir espaço para novas soluções.
E quem sabe a escória siderúrgica, antes vista apenas como um resíduo industrial, não se torne uma das protagonistas dessa transformação? Não na ficção, mas no mundo real.
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