A primeira vez que abordei a hipertermia aqui na Ciência Hoje foi em novembro de 2007, no contexto das aplicações de nanopartículas na farmacologia e medicina. Seguiram-se outros três textos, com diferentes abordagens – ao final desta coluna, estão os endereços para cada um deles.
Basicamente, essa técnica consiste em fazer as células de um tumor maligno engolfarem nanopartículas magnéticas – cujas dimensões são a do bilionésimo de metro – e, depois, aplicar sobre o local um campo magnético, o qual faz com que as nanopartículas vibrem, esquentando (hipertermia) e matando as células doentes.
Naquele período, entre 2007 a 2010, o noticiário sobre hipertermia tinha como foco o uso terapêutico de tecnologias modernas – sobretudo, de nanopartículas magnéticas e laser. Mas esse procedimento – ainda que em forma rudimentar – tem mais de um século de existência.
Por volta de 1891, a descoberta acidental da hipertermia levou o médico e pesquisador norte-americano William Coley (1862-1936) a criar um coquetel de bactérias – denominado toxina de Coley – que produzia um estado febril no paciente e tinha como consequência a regressão de alguns tipos de câncer. Desde então, avanços tecnológicos foram introduzidos no uso da hipertermia, desembocando na nanotecnologia – tema de minha coluna de 2007.
No texto de 2010, chamei a atenção para o fato de que era ampla a literatura sobre o uso de nanopartículas magnéticas em tratamento de câncer por meio da hipertermia, mas, até aquele momento, nenhum caso clínico havia sido relatado. Recentemente, no entanto, descobri que, pelo menos, dois relatos de testes clínicos já eram conhecidos em 2007.
Decorrida uma década de ensaios clínicos, cabe a questão: como evoluíram esses tratamentos?
Dois artigos de revisão recentes dão resposta satisfatória a essa questão. Um deles – citado acima e que menciona os testes clínicos – é de 2016; o outro, deste ano. Os resumos desses trabalhos podem ser acessados, respectivamente, aqui e aqui.
Segundo esses autores, apenas dois tipos de câncer foram submetidos a tratamento com nanopartículas magnéticas: próstata e glioblastoma multiforme (GBM) – este último, o mais devastador e letal tumor maligno no cérebro. E, tudo indica, só duas equipes médicas têm investido nesses estudos.
Uma equipe do hospital universitário Charité, em colaboração com pesquisadores da empresa MagForce Nanotechnologies – ambos em Berlim (Alemanha) –, vem, desde o início da década passada, usando nanopartículas magnéticas no tratamento do câncer de próstata por meio de duas abordagens.
Uma delas é a monoterapia, procedimento no qual – como sugere o nome – apenas a hipertermia é usada no processo terapêutico. Na outra abordagem, a hipertermia é combinada com a braquiterapia, técnica na qual uma fonte de radiação é selada e colocada no interior do corpo do paciente, nas proximidades do tumor.
Os resultados clínicos indicam que o uso combinado é mais eficiente. No entanto, para se tornar um tratamento terapêutico convencional, a hipertermia deve ainda levar em conta o controle bioquímico do PSA (sigla, em inglês, para antígeno prostático específico), a toxicidade das nanopartículas e a qualidade de vida dos pacientes. Esses aspectos continuam em nível de pesquisa científica.
Já a equipe que se dedica ao tratamento do GBM tem combinado nanopartículas magnéticas com radioterapia estereotáxica (altas doses de radiação direcionadas a determinada região do cérebro). Observou-se que, em comparação com os tratamentos radioterápicos convencionais, o tempo de recorrência do tumor dobrou e aumentou consideravelmente a sobrevida dos pacientes.
Interessado(a)s no tema podem ler a íntegra das colunas citadas aqui:
Magnetismo, farmacologia e medicina
Carlos Alberto dos Santos
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (Natal)
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