Acredito que poucos temas dentro da paleontologia despertem tanta atenção do público quanto a origem dos dinossauros e como eles se diversificaram ao longo do tempo. Os primeiros registros desses vertebrados datam de aproximadamente 233 milhões de anos atrás, um período chamado de Triássico, mais especificamente uma época conhecida como Carniano. As primeiras espécies desses ‘répteis terríveis’ (significado da palavra Dinosauria) são geralmente baseadas em material muito fragmentado, que foi encontrado em pouquíssimas partes do planeta.

Entre as regiões com registro mais expressivo de espécimes de dinossauros, destacam-se depósitos do Triássico da Bacia do Paraná, no Rio Grande do Sul (formações Santa Maria e Caturrita), e da Bacia Ischigualasto-Villa Unión, na Argentina, com idades entre 225 e 230 milhões de anos. Praticamente tudo que se sabe sobre a origem dos dinossauros é baseado em fósseis procedentes dessas duas regiões. Porém, um novo estudo está mudando esse quadro.

Martín Hechenleitner, do Centro Regional de Investigações Científicas e Transferência Tecnológica de La Rioja, na Argentina, e colegas argentinos acabam de publicar a ocorrência de uma inédita fauna de vertebrados na região da cordilheira dos Andes próxima à fronteira com o Chile. Entre os fósseis, está uma espécie de dinossauro que abre um novo capítulo da evolução desses répteis. Não foi por acaso que o estudo foi aceito pela Nature, uma das principais revistas científicas do mundo.