Os Ricinulei são pequenos aracnídeos, parentes das aranhas, escorpiões e carrapatos – animais com os quais as pessoas geralmente têm maior familiaridade. Diferentemente das aranhas e escorpiões, os Ricinulei são extremamente lentos, frágeis, não possuem veneno e tampouco olhos. Sua lentidão é explicada por um esqueleto muito espesso e rígido, que dificulta a locomoção, mas proporciona proteção contra predadores. Já sua fragilidade está relacionada à dependência de ambientes úmidos e bem preservados para sobreviverem.

Com tantas limitações, esses animais se alimentam de invertebrados ainda menores, como cupins, moscas, pequenas aranhas e nematódeos. Os Ricinulei são encontrados exclusivamente em cavernas e florestas tropicais, na América do Sul, América Central e África. Nas florestas, vivem entre folhas caídas, sempre muito bem camuflados, sendo descobertos apenas por pessoas com olhar atento. No mundo, são conhecidas apenas 103 espécies de Ricinulei, das quais 13 ocorrem no Brasil. Por aqui, esses bichinhos são encontrados apenas na floresta amazônica.

Você deve estar se perguntando como um animal que não enxerga consegue encontrar e capturar suas presas, não é? Pois bem, embora cegos, os Ricinulei possuem estruturas sensoriais especializadas, chamadas sensilas, localizadas nas extremidades dos dois primeiros pares de pernas. Essas pernas funcionam como antenas sensoriais que ajudam a detectar as presas sem a necessidade de contato direto. Quando localizam uma presa, como larvas de moscas, cupins ou até aranhas pequenas, os Ricinulei utilizam seus palpos – estruturas que parecem pernas reduzidas – para agarrá-la e empurrá-la até a boca. Se a presa for grande, os Ricinulei podem desmontá-la em pedaços menores antes de iniciar a alimentação. Eles não têm pressa. Dependendo do tamanho da presa, podem demorar até 40 minutos em uma refeição. Apesar de sua fragilidade, os Ricinulei são predadores fascinantes e perfeitamente adaptados ao seu ambiente.