No sentido figurado, as expressões ‘sangue-quente’ e ‘sangue-frio’ são bem conhecidas. Elas se referem, respectivamente, a uma pessoa muito brava e a uma que enfrenta situações sem muito envolvimento emocional.
Por muito tempo, essas expressões também foram usadas para classificar animais. Mas isso cessou ainda no século 19. Na metade do século passado, novos termos surgiram e permaneceram: animais endotérmicos e ectotérmicos.
Uma das razões para isso é que, por exemplo, um lagarto em atividade, esquentando-se ao sol, pode chegar a temperaturas corporais acima dos 30oC, o que os enche de energia para buscar alimento ou fugir de predadores. Portanto, não se pode dizer que esse animal tem sangue frio.
Por sua vez, um beija-flor que entra em estado de torpor (repouso profundo) durante a noite, pode reduzir sua temperatura corporal normal de 41oC para cerca de 20oC. Isso mostra que não podemos classificá-lo como animal de sangue quente nessa condição.
Além disso, ‘quente’ e ‘frio’ são termos relativos, pois sempre precisamos de um referencial para fazer essa comparação. Um ambiente a 20oC, por exemplo, pode ser considerado frio por alguém que vive, por exemplo, em Ribeirão Preto (SP), cidade que tem temperaturas médias anuais altas. Mas esse mesmo ambiente poderia ser considerado quente por alguém que vive perto de geleiras, como na Patagônia argentina.
Feita essa observação, vale dizer que a temperatura corporal afeta praticamente todas as funções orgânicas. Mais: a manutenção de uma temperatura interna que promova melhor desempenho fisiológico e comportamental parece ter sido essencial para o sucesso evolutivo dos animais.
Nesse contexto, os termos ectotermia e endotermia referem-se à fonte de calor usada para regular a temperatura corporal ou para manter os processos orgânicos funcionando bem.