Se você é leitor de quadrinhos ou conhece bem as histórias dos super-heróis, deve saber citar o nome de pelo menos um planeta que foi completamente devastado, deixando poucos sobreviventes.
Krypton, o planeta natal do Super-homem, foi destruído por uma explosão provocada por uma instabilidade do seu núcleo. A causa dessa instabilidade tem explicações variadas nos quadrinhos, mas o fato é que poucos sobreviveram para contar a história. Já o pacífico planeta de Czarnia foi devastado depois que Lobo, o ser mais destoante e inexplicavelmente mau do planeta, resolveu criar um enxame de escorpiões voadores microscópicos que dizimaram toda a população. Por fim, podemos citar também Zen-Whoberi, planeta cuja população foi completamente aniquilada pelos Badoon (uma raça reptiliana). Apenas Gamora sobreviveu, ao ser resgatada do planeta pelo vilão Thanos.
Mas e na Terra, será que corremos o risco de acontecer algo parecido? Existem alguns potenciais vilões capazes de acabar com a vida humana e de muitos animais, como uma guerra nuclear, a colisão de um asteroide, o enfraquecimento do campo magnético que protege o planeta, um supervírus. Mas um perigo mais iminente que muito temos discutido na atualidade são as mudanças climáticas globais (ou aquecimento global).
A atmosfera do planeta Terra é constituída por diversos gases que retêm o calor trazido pelos raios solares. Quanto maior a concentração desses gases na atmosfera, mais calor ficará acumulado no planeta. Esse processo, chamado de efeito estufa, ocorre naturalmente e é fundamental para a vida na Terra. Afinal, se não fosse ele, não haveria calor acumulado no planeta e, portanto, a temperatura aqui seria tão baixa que nem existiria água no estado líquido, só gelo!
Nas últimas décadas, no entanto, o ser humano tem produzido uma quantidade tão alta de gases poluentes (por meio das indústrias, dos automóveis, do desmatamento etc.) que estamos criando uma barreira cada vez maior na atmosfera. Com isso, acumula-se cada vez mais calor no planeta, ou seja, intensifica-se o efeito estufa drasticamente.
O agravamento do efeito estufa vem sendo reconhecido pelos cientistas como o principal causador do aquecimento global. O aumento das temperaturas médias do planeta tem consequências graves para a agricultura, a pecuária e a geração de energia; pode provocar alterações nos ciclos de chuvas, intensificação de fenômenos meteorológicos (como tempestades mais intensas, secas prolongadas, furacões) e até mudanças irreversíveis em ecossistemas e extinção de várias espécies. Por isso, fala-se em ‘mudanças climáticas globais’.
Os oceanos desempenham um papel muito importante nesse cenário. Segundo o ecologista marinho Alex Rogers, professor da Universidade de Oxford (Reino Unido), quase um terço de todo o gás carbônico produzido no planeta é dissolvido nos oceanos. Isso nos leva a crer que eles são grandes heróis que nos protegem do agravamento do efeito estufa e suas consequências climáticas.
Mas se o ar fica mais limpo graças à ajuda dos oceanos, o mesmo não acontece com a água. Ao entrar em contato com a água, o gás carbônico se transforma em um ácido, que, em grandes concentrações, pode causar a acidificação dos oceanos, colocando em risco a vida de várias espécies marinhas.
O papel dos oceanos vai além de dissolver o gás carbônico. Eles também atuam na absorção do excesso de calor provocado pelo acúmulo de gases intensificadores do efeito estufa. Não fossem os oceanos e as regiões congeladas, o planeta poderia estar hoje ultrapassando os 10 ºC de aumento de temperatura média, o que seria absolutamente devastador para a maioria das espécies, incluindo os humanos.
Pelos cálculos do pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Lijing Cheng, a quantidade de calor absorvida pelos oceanos nos últimos 25 anos é equivalente ao calor de 3,6 bilhões de bombas atômicas de Hiroshima.
Mas há um grande problema envolvido nessa dupla tarefa do oceano de dissolver gás carbônico (minimizando o efeito estufa) e absorver o calor do planeta.
Você já deve ter percebido que abrir uma garrafa de refrigerante quente gera muito mais espuma do que uma com refrigerante gelado. Isso ocorre porque quanto mais frio um líquido está, maior é sua capacidade de dissolver gases. À medida que se esquenta um líquido, os gases dissolvidos se ‘desprendem’ aos poucos, formando bolhas.
Se a temperatura é um dos fatores que alteram a solubilidade de um líquido, o que acontece quando os oceanos (que são grandes reservatórios de gás carbônico dissolvido) sofrem aumentos de temperatura? Da mesma forma que ocorre nos refrigerantes, a capacidade da água de dissolver gases diminui e, assim, vários gases do oceano começam a ser expelidos para a atmosfera.
Portanto, o aumento da temperatura dos oceanos, ao mesmo tempo em que alivia muito o aquecimento exagerado do planeta, leva a uma perda da capacidade dos oceanos de dissolverem o gás carbônico (um dos principais agentes do efeito estufa). É quase como o dilema do Homem-aranha, que teve de decidir entre salvar Gwen Stacy, quando ela estava caindo da ponte George Washington, e ir atrás do seu arqui-inimigo, o Duende Verde.
Os alertas quanto ao perigo iminente das mudanças climáticas globais não são feitos apenas por cientistas. Filmes, séries, desenhos e até quadrinhos têm também contribuído para a conscientização da população.
Podemos citar desde filmes como O dia depois de amanhã, No olho do tornado, Tempestade: planeta em fúria, entre outros do gênero cli-fi (ficção climática), até desenhos como Os Simpsons (que fazem tantas previsões acertadas sobre o mundo). Recentemente, a própria Marvel se juntou ao coro e lançou, em parceria com a Organização das Nações Unidas, a HQ Heróis do ozônio, em que o Homem de Ferro e os Guardiões da Galáxia se unem para combater o aquecimento global.
No meio de tantos alertas sobre esse fenômeno, que pode tornar insustentável a vida humana e de outros animais no planeta, surgem algumas vozes dissonantes, que adotam posturas negacionistas, rejeitando ou minimizando o agravamento do efeito estufa e suas consequências. A estratégia dessas pessoas é semear dúvidas sobre as pesquisas científicas e afirmar que “o aquecimento global é um debate em aberto e não há consenso entre os cientistas”. Mas isso não é verdade.
Um estudo de 2013 publicado em uma importante revista científica da área de ciência ambiental avaliou quase 12 mil artigos científicos sobre ‘mudanças climáticas globais’ publicados entre 1991 e 2011 no mundo inteiro e chegou à seguinte conclusão: apenas 0,7% desses estudos discordam que a ação humana vem sendo a causadora dessas mudanças. Quando apenas 124 pesquisadores rejeitam uma tese científica, enquanto outros 10.188 concordam, ao longo de mais de 20 anos de estudo, podemos dizer com boa segurança que há um consenso bem estabelecido. A temperatura do planeta está aumentando em decorrência do agravamento do efeito estufa, e a causa desse aumento é humana.
Assim como cientistas de Krypton alertaram sobre a instabilidade do núcleo do planeta e suas graves consequências, estamos sendo avisados (há décadas) sobre os perigos de explorarmos e poluirmos a Terra de maneira descontrolada e inconsequente. Negar esses fenômenos é pavimentar o caminho para um futuro que tem potencial de ser tão trágico quanto o de Krypton.
Lucas Miranda
Editor do blogue Ciência Nerd
Universidade Federal de Juiz de Fora
Geovani Barros
Professor de química
Coordenador da área de ciências do Colégio Conexão (Juiz de Fora/MG)
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