“HIV não se vê, qualquer um pode o ter e também com ele viver
Seja lá quem é você. IST não tem rosto e qualquer um pode se comprometer
Você pode escolher. Uma vida saudável te traz muito mais prazer!”
Para além dos laboratórios de ciência, a rua. Um lugar de circulação diária de pessoas, palavras e ideias que alimentam as rimas de artistas brasileiros. O rap é uma dessas expressões artísticas que narram o realismo e o inaceitável em muitas favelas e periferias do país, além de estimular a cultura negra e periférica. Quando o rap e a ciência se encontram, há espaço para uma crítica contundente sobre a realidade e, também, sobre a ciência.
O projeto Rap e Ciência nasceu em 2018, numa tela de computador de um apartamento na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ouvindo trechos da música Ponta de lança, do rapper Rincon Sapiência, veio a inspiração para submeter uma ideia ao Hackaton da Divulgação Científica em Saúde da Fiocruz, evento realizado em junho daquele ano com a proposta de financiar dois projetos de divulgação científica que seriam colocados em prática com R$ 25 mil reais cada um. Lá, conheci as outras coordenadoras executivas do projeto, Bárbara Pires e Mariana Souza. Ganhamos o hackaton e realizamos o projeto entre outubro de 2018 e novembro de 2019.
A ideia era simples: reunir cinco jovens de favelas para fazer músicas com temas de saúde pública. Dois temas foram eleitos pela coordenação – Infecções Sexualmente Transmissíveis e saneamento básico e sua relação com arboviroses –, e outros dois pelos participantes – saúde mental e drogas. Cada integrante veio de um local da cidade: Lucas Chaga$, do Complexo do Alemão; Elaiô Vavío, de Niterói; Helen Nzinga, de Campo Grande; Xandy MC, do Jacarezinho, e a produtora cultural Janina Felix, que contribuiu com ideias para a gestação do projeto, da favela de Manguinhos. Todos respiravam a cultura do rap e traziam as suas próprias vivências para os encontros que aconteciam às quintas-feiras.
O projeto conquistou resultados diferentes: quatro músicas gravadas em estúdio; um clipe musical filmado dentro da Fiocruz para a canção Liberdade, vida e amor; oficinas de rimas em escolas públicas para conversar sobre as músicas; e a seleção para participar do Camp Serrapilheira 2019. A coordenação ficou responsável por todos os trâmites burocráticos, recepção e diálogo com os jovens, além de contato com os centros de pesquisa e instituições que receberam a equipe para conversas e atividades lúdicas com foco nos temas eleitos.
“Entrei no projeto para aprender a fazer divulgação científica, mas, na verdade, aprendi a fazer ciência. Foi no dia a dia do projeto, conversando com os rappers, conhecendo suas realidades e o impacto da ciência na sociedade, que eu entendi, na prática, que o que fazemos no laboratório é para e pela sociedade. Acho que todos os cientistas deveriam passar por uma experiência como essa”, disse a biomédica Mariana Souza, pesquisadora de Farmanguinhos da Fiocruz e uma das coordenadoras.
Em Manguinhos, bairro onde a sede da Fiocruz está localizada, o rap está presente na roda cultural do Pac’Stão, que acontece toda segunda-feira, às 19h, e na iniciativa Hip Hop Saúde, projeto que já iniciou diversos artistas nas culturas do rap e da ciência. Na dissertação Hip hop, educação e poder: o rap como instrumento de educação não formal, o autor Ivan Messias analisa, etnograficamente, a potência do rap e a prática pedagógica do grupo Sistema Nervoso Abalado, de Salvador (BA). O rap é visto como instrumento gerador de solidariedade, aprendizagem, empoderamento, esperança e consciência política.
Para Bárbara Pires, profissional de educação física e pesquisadora do Instituto D’Or, o projeto contribuiu para uma divulgação da ciência mais próxima da sociedade e dos espaços sociais que muitas vezes são negligenciados: “Estimular o diálogo entre pesquisadores e rappers e levar ciência para a comunidade através do próprio rapper foi, a meu ver, uma estratégia fantástica no campo da divulgação científica. A ciência precisa com urgência se aproximar da população. O Rap e Ciência mostrou que isso é possível, e acredito que esse seja o caminho”.
Numa rápida busca em dois importantes periódicos da área da divulgação científica, Journal of Science Communication e Public Understading of Science, não se encontra artigos que tenham estudado a relação entre rap e ciência. Isso não significa, no entanto, que iniciativas no Brasil ou em outros países já não tenham vivências a compartilhar, como demonstrou Lucas Chaga$ na roda cultural de encerramento do Rap e Ciência, realizada na pracinha do PAC, em Manguinhos: “Esse projeto consegue agregar ciência, que é tudo na vida, com o hip hop, que é o que a gente vive, o que tira as pessoas do crime e o que faz as pessoas ficarem melhor com a saúde mental”. Que a divulgação científica (e a ciência!) saiba ouvir mais os jovens da favela.
Renata Fontanetto*
Museu da Vida, Fiocruz
*colaboração Mariana Souza (Farmanguinhos/Fiocruz)
e Bárbara Pires (Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino)
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