CH: Quais são os sintomas dessa doença? Existe algum sintoma específico que a diferencie de outras doenças respiratórias?
RIVALDO: Essa é extremamente parecida com outras enfermidades e vírus que causam doenças respiratórias. O processo infecioso vai desde uma infecção assintomática – pessoas que tiveram contato com o vírus mas não desenvolveram quaisquer manifestações clínicas – a uma forma branda, leve, autolimitada, como nesses casos gripais em que ocorrem coriza, febre, dor de garganta e dor muscular, mas, em poucos dias, os sintomas vão embora. E há os quadros que podem ser um pouco mais sérios, culminando com formas extremamente graves, com síndrome de angústia respiratória ou sofrimento no processo respiratório do paciente, que pode levar a uma restrição do funcionamento circulatório ou respiratório, culminando com a morte dessa pessoa. Ou seja: a doença vai desde um polo assintomático a outro extremamente grave, que pode ser fatal.
CH: Existe algum grupo de risco na população?
RIVALDO: As informações que têm sido publicadas apontam que a população acima de 56 anos tem sido mais acometida, com manifestação clínica mais intensa, inclusive mortes. Também são alvo, sobretudo, pessoas que tenham doenças crônicas, em especial doenças pulmonares como asma, bronquite, enfisema (com diferentes causas, inclusive do cigarro), diabetes, hipertensão arterial ou que estejam fragilizadas em suas respostas imunológicas, seja em decorrência de imunodeficiência adquirida por enfermidade, como HIV, ou imunodeficiência causada por uso de medicamentos, como corticosteroides em altas doses, quimio e radioterapia. Esses têm sido os casos mais vulneráveis.
CH: Por que esses vírus vêm de outras espécies para os humanos com tanta facilidade?
RIVALDO: Nos últimos anos, todas essas doenças emergentes são zoonóticas. Em geral, estavam em animais, aves, em ciclos silvestres, e, acidentalmente, os humanos entraram nesse ciclo. Muitas vezes, o homem já está nesse ciclo, mas o vírus é incapaz de se reproduzir nele, se replicar. Ocorre que muitos desses vírus sofrem mutações nas suas estruturas genéticas que os tornam capazes de infectar os seres humanos e, inclusive, se replicar no organismo humano. Normalmente, esses vírus respiratórios vêm de alguns mamíferos ou de aves, inclusive aves aquáticas. O contato com o vírus torna o humano mais exposto. A convivência mais íntima com esses animais faz com que haja essa adaptação a um novo organismo. A gripe aviária, que dizimou muitas criações de aves e frangos da China e em outros locais, em algum momento fez uma adaptação para replicação no ser humano, mas não tão intensa como essa que estamos observando agora no coronavírus. Nós tivemos também uma outra família de vírus respiratórios, os vírus influenza, que chamávamos da gripe suína porque, originalmente, aquele vírus estava se multiplicando, habitando e replicando os suínos, porcos. Houve uma adaptação para o ser humano e, a partir daí, uma transmissão em larga escala. Resumindo, isso é fruto de uma convivência próxima dos seres humanos com aves e outros animais associada a um processo de adaptação genética desse vírus, que o torna capaz de se replicar no organismo humano.
Edílson Bitencourt De paula
Quanto tempo de vida o corona virus sobrevive em um ser humano.apos o contágio.???
Existe possibilidades do vírus acabar no ser humano sem o tratamento específico com vacinas tipo uma gripe??
Publicado em 24 de março de 2020