Agenda 2030: o desafio de não deixar ninguém para trás

Paulo Gadelha, ex-presidente da Fiocruz e membro do grupo da ONU focado em aprimorar a criação e o uso de tecnologias para a promoção do desenvolvimento sustentável, fala sobre avanços, retrocessos e estratégias para atingir compromissos assumidos nesse setor por líderes de 193 países.

“Dificilmente, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável serão cumpridos até 2030”. A afirmação, baseada em avaliações de especialistas, é do ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Paulo Gadelha. Ele conhece muito bem o tema. Doutor em saúde pública, Gadelha coordena a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 e, este ano, foi renomeado para o grupo Mecanismo de Facilitação Tecnológica, da Organização das Nações Unidas (ONU). Formado por dez pessoas do mundo inteiro, entre representantes da sociedade civil, do setor privado e da comunidade científica, o grupo tem foco na criação e no uso de tecnologias para a promoção do desenvolvimento sustentável. Nesta entrevista à Ciência Hoje, Gadelha fala sobre avanços, retrocessos e estratégias para atingir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, assumidos em 2015 por líderes de 193 países, inclusive o Brasil, reunidos na sede da ONU para decidir um plano de ação com metas como erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir a paz e a prosperidade da população mundial.

Ciência Hoje: Faltam 12 anos para 2030. Qual a sua avaliação dos avanços da Agenda 2030 e o que ainda precisa ser feito para atingir osObjetivos de Desenvolvimento Sustentável?

Paulo Gadelha: O processo de acompanhamento e monitoramento é contínuo. O ano que vem será muito relevante porque, decorridos os quatro primeiros anos (de 2015 a 2019), teremos uma grande avaliação, pelas instâncias centrais da ONU e por todos os demais mecanismos, de como estão andando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Então será feita uma grande reflexão sobre o progresso –ou atraso – e, eventualmente, serão feitos até ajustes em metas.

Hoje, é evidente para todos os analistas –desde os mais otimistas aos mais pessimistas –que, dificilmente, serão atingidos os objetivos para 2030. É o caso, por exemplo, do clima. Hoje, muito poucas vozes acreditam na possibilidade de manter o aumento da temperatura em até 2 graus Celsius. O mais provável é que sejam 3 ou 4 graus, o que significa uma catástrofe maior. A conjuntura global –e isso se reflete no Brasil –é regressiva com relação à obtenção dos ODS. As novas políticas dos Estados Unidos com relação aos compromissos com a questão do clima, por exemplo, são regressivas. No Brasil, temos uma acachapante regressão, tanto do ponto de vista social quanto do ambiental.

Diego Bevilaqua
Fundação Oswaldo Cruz

Telma Alvarenga e Valquíria Daher
Jornalistas, Instituto Ciência Hoje

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