Essa DAM é uma água rica em metais e em compostos formados por enxofre (sulfatos). Tem natureza ácida – tecnicamente diz que seu pH é menor que sete, em uma escala que vai de zero a 14 –, o que a faz tóxica a humanos, animais e plantas (figura 1).
Muitos tratamentos já foram estudados e desenvolvidos para solucionar ou minimizar esse problema. O método mais usado tem sido a adição na drenagem de cal. Conhecida como cal viva, esse composto é formado principalmente por óxido de cálcio (calcário), substância faz o pH aumentar e leva à precipitação dos metais, na forma de hidróxidos ou carbonatos. Mas o emprego de cal viva não é um método vantajoso, pois apresenta alto custo, requer manutenção constante e impossibilita a recuperação de metais valiosos presentes na drenagem.
Alternativa ambientalmente favorável é o uso de biorreatores com as chamadas SRBs (sigla, em inglês, para bactérias redutoras de sulfato). Esses microrganismos possibilitam o tratamento dessas águas ácidas, sem a adição de um agente químico, e permitem a recuperação de metais de alto valor econômico (cobre, níquel etc.), tornando, assim, o processo autossustentável.
Embora cada DAM tenha suas próprias características, estima-se recuperação superior a 90% dos metais presentes nos rejeitos da mineração. Por exemplo, o Chile, maior produtor mundial de cobre, usa diferentes tecnologias de recuperação de rejeitos da mineração. O país tem produção diária de aproximadamente 30 mil toneladas de cobre – 1,35% desse montante vem de processos de recuperação de rejeitos de mineração –, metal cujo valor de mercado atinge atualmente US$ 7 mil por tonelada.
Vale neste início acrescentar que há outros microrganismos redutores de enxofre que não são bactérias – e, portanto, não são foco deste artigo. Eles pertencem ao domínio de seres vivos denominado Archea, cujos membros se assemelham morfologicamente às bactérias, mas são distintos do ponto de vista genético e bioquímico. Vivem em ambientes extremos, como vulcões, gêiseres, salinas etc.