BACTÉRIAS: alternativa sustentável para o tratamento de rejeitos da mineração

Instituto Tecnológico Vale
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Em geral, as bactérias são vistas apenas como causadoras de doenças. Mas esses microrganismos podem ter papel importante para a indústria e o meio ambiente. Exemplo disso são as bactérias que ajudam a tratar – por vezes, de modo autossustentável – resíduos gerados pelas atividades de mineração. Por serem ácidos e conterem grandes concentrações de metais – alguns de alto valor econômico –, esses rejeitos são tóxicos para humanos, animais e plantas, representando hoje grande problema ambiental em nível global.

CRÉDITO: FOTO ADOBE STOCK

A mineração é uma das principais atividades industriais na sociedade. É responsável por quase 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e oferece matéria-prima para uma variedade de produtos, como moedas, aparelhos eletrônicos e meios de transporte.

Mas, apesar de essencial para o desenvolvimento econômico das nações, a mineração produz um rejeito chamado drenagem ácida de mina (DAM), que precisa ser tratada antes de ser despejada no meio ambiente.

Mas, apesar de essencial para o desenvolvimento econômico das nações, a mineração produz um rejeito chamado drenagem ácida de mina (DAM), que precisa ser tratada antes de ser despejada no meio ambiente

Essa DAM é uma água rica em metais e em compostos formados por enxofre (sulfatos). Tem natureza ácida – tecnicamente diz que seu pH é menor que sete, em uma escala que vai de zero a 14 –, o que a faz tóxica a humanos, animais e plantas (figura 1).

Muitos tratamentos já foram estudados e desenvolvidos para solucionar ou minimizar esse problema. O método mais usado tem sido a adição na drenagem de cal. Conhecida como cal viva, esse composto é formado principalmente por óxido de cálcio (calcário), substância faz o pH aumentar e leva à precipitação dos metais, na forma de hidróxidos ou carbonatos. Mas o emprego de cal viva não é um método vantajoso, pois apresenta alto custo, requer manutenção constante e impossibilita a recuperação de metais valiosos presentes na drenagem.

Alternativa ambientalmente favorável é o uso de biorreatores com as chamadas SRBs (sigla, em inglês, para bactérias redutoras de sulfato). Esses microrganismos possibilitam o tratamento dessas águas ácidas, sem a adição de um agente químico, e permitem a recuperação de metais de alto valor econômico (cobre, níquel etc.), tornando, assim, o processo autossustentável.

Embora cada DAM tenha suas próprias características, estima-se recuperação superior a 90% dos metais presentes nos rejeitos da mineração. Por exemplo, o Chile, maior produtor mundial de cobre, usa diferentes tecnologias de recuperação de rejeitos da mineração. O país tem produção diária de aproximadamente 30 mil toneladas de cobre – 1,35% desse montante vem de processos de recuperação de rejeitos de mineração –, metal cujo valor de mercado atinge atualmente US$ 7 mil por tonelada.

Vale neste início acrescentar que há outros microrganismos redutores de enxofre que não são bactérias – e, portanto, não são foco deste artigo. Eles pertencem ao domínio de seres vivos denominado Archea, cujos membros se assemelham morfologicamente às bactérias, mas são distintos do ponto de vista genético e bioquímico. Vivem em ambientes extremos, como vulcões, gêiseres, salinas etc.

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