FAUNA E RODOVIA
Quando o progresso atropela a biodiversidade

Laboratório de Ecologia, Manejo e Conservação de Fauna Silvestre (LCF/Esalq)
Universidade de São Paulo

Sem dúvida, rodovias trazem progresso, por escoarem parte das riquezas de um país. Mas as estradas têm reconhecidamente efeitos nocivos sobre o meio ambiente. Por exemplo, causam poluição atmosférica, levam à perda de vegetação nativa e funcionam como direcionadoras de desmatamento. Há outro problema (talvez, ainda mais preocupante) que, felizmente, tem ganhado a atenção de autoridades, da iniciativa privada e dos próprios pesquisadores: a morte de animais por colisão com veículos.

CRÉDITO ABERTURA: ADOBESTOCK

As rodovias, sem dúvida, cumprem importante papel socioeconômico. Segundo dados do Observatório Nacional de Transporte e Logística, no Brasil, mais de 60% do escoamento de matérias-primas e produtos são feitos pelo sistema rodoviário. Ou seja, além de usarmos as estradas para deslocamento pessoal, necessitamos delas para movimentação de nossos bens e serviços e acesso a eles. 

Atualmente, vivemos dois cenários em termos de gestão da malha rodoviária no Brasil: i) regiões em que ela está consolidada e passa por processos de pavimentação ou duplicação (como é o caso do Sul e Sudeste); ii) regiões onde há avanço desenfreado de novas estradas (caso da região amazônica). Portanto, podemos concluir que grande parte do território brasileiro sofre a influência das rodovias.

Apesar de essa influência ser econômica e socialmente importante, as rodovias têm consequências ambientais severas. Por exemplo, estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, publicado em 2022, mapeou as áreas livres de impactos ambientais de rodovias no Brasil. 

O trabalho mostrou que, para todos os biomas brasileiros (com exceção para o Pampa), a chance de encontrar vegetação nativa aumenta à medida que nos distanciamos das rodovias. Isto é, as rodovias causam perda de vegetação nativa e funcionam como direcionadoras de desmatamento.

Além de estarem associadas ao desmatamento, as rodovias geram grave degradação ambiental no local em que estão inseridas. Por degradação, podemos considerar desde a remoção da vegetação para dar lugar ao asfalto – o que podemos chamar perda de hábitat – até as poluições química, luminosa e sonora que aparecem com o tráfego de veículos e a operação dessas estradas.

Além de estarem associadas ao desmatamento, as rodovias geram grave degradação ambiental no local em que estão inseridas

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