As rodovias, sem dúvida, cumprem importante papel socioeconômico. Segundo dados do Observatório Nacional de Transporte e Logística, no Brasil, mais de 60% do escoamento de matérias-primas e produtos são feitos pelo sistema rodoviário. Ou seja, além de usarmos as estradas para deslocamento pessoal, necessitamos delas para movimentação de nossos bens e serviços e acesso a eles.
Atualmente, vivemos dois cenários em termos de gestão da malha rodoviária no Brasil: i) regiões em que ela está consolidada e passa por processos de pavimentação ou duplicação (como é o caso do Sul e Sudeste); ii) regiões onde há avanço desenfreado de novas estradas (caso da região amazônica). Portanto, podemos concluir que grande parte do território brasileiro sofre a influência das rodovias.
Apesar de essa influência ser econômica e socialmente importante, as rodovias têm consequências ambientais severas. Por exemplo, estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, publicado em 2022, mapeou as áreas livres de impactos ambientais de rodovias no Brasil.
O trabalho mostrou que, para todos os biomas brasileiros (com exceção para o Pampa), a chance de encontrar vegetação nativa aumenta à medida que nos distanciamos das rodovias. Isto é, as rodovias causam perda de vegetação nativa e funcionam como direcionadoras de desmatamento.
Além de estarem associadas ao desmatamento, as rodovias geram grave degradação ambiental no local em que estão inseridas. Por degradação, podemos considerar desde a remoção da vegetação para dar lugar ao asfalto – o que podemos chamar perda de hábitat – até as poluições química, luminosa e sonora que aparecem com o tráfego de veículos e a operação dessas estradas.