Radicado no Brasil desde jovem, o desenhista francês que estudou o canto das aves e técnicas de impressão é autor do mais antigo registro fotográfico das Américas.
Ao embarcar no navio Marie Thérèze, em fevereiro de 1824, em direção às Américas, o jovem francês Hercule Florence não sabia que sua jornada, embalada pelo livro Robinson Crusoé, do escritor inglês Daniel Defoe, seria um caminho sem volta, fazendo do Brasil a sua pátria permanente.
Nascido na cidade de Nice, na França, em 29 de fevereiro de 1804, Antoine Hercule Romuald Florence era filho do cirurgião do exército Arnaud Florence e de Augustine de Vignallys. Tinha um admirável talento para o desenho e, como autodidata em matemática e física, desenvolveu desde cedo ideias e projetos inovadores.
Em maio de 1824, Florence fixou-se no Rio de Janeiro, trabalhando, primeiro, em uma loja de tecidos e, mais tarde, como responsável por executar litografias em uma tipografia. Seu espírito aventureiro, porém, falou mais alto e, em 1825, candidatou-se ao cargo de segundo desenhista da expedição científica do barão de Langsdorff, patrocinada pelo governo imperial da Rússia para coletar e catalogar, pelo interior do Brasil, minerais, espécies de fauna e flora locais e fazer estudos etnográficos. O barão Langsdorff não só ganhou um desenhista talentoso como um exímio cartógrafo prático.