Os temas debatidos em sala de aula podem (e devem) contribuir para que os estudantes desenvolvam o senso crítico em relação ao mundo que o cerca, às notícias que são abordadas na mídia e, especialmente, às informações que circulam nas redes sociais. E os professores tem papel essencial em estimular esse diálogo sobre assuntos que, algumas vezes, não integram os conteúdos obrigatórios, apesar de relacionados a eles. Um exemplo são os Organismos Geneticamente Modificados (OGM), um tópico que, volta e meia, está presente nas aulas e que faz parte de nosso dia a dia.
Os OGM estão presentes nos noticiários, entre outras razões, por conta de um projeto (PLC 34/2015) criado há cinco anos e que propõe que a presença de transgênicos nos alimentos só seja informada nos rótulos quando ultrapassar 1% do produto final. Essa informação deverá substituir o ícone T dentro de um triângulo amarelo, que remete a perigo; e as informações sobre as espécies doadoras dos genes, pela expressão ‘transgênico’ ou “contém ingrediente transgênico”. Em 2018, a comissão de meio ambiente do Senado votou pela aprovação do projeto de lei e despertou opiniões favoráveis e contrárias nos meios de comunicação, que chegaram ao conhecimento do público em geral, o que inclui os estudantes do ensino médio.
Debater os OGM é também falar de biotecnologia, área da biologia relacionada ao desenvolvimento de produtos ou processos (vacinas, hormônios, medicamentos etc.) para melhorar a qualidade de vida da sociedade. Por meio da engenharia genética, a biotecnologia contribui para a alimentação humana com o desenvolvimento de alimentos mais resistentes e/ou mais nutritivos. Um exemplo é o milho BT, um OGM que recebeu genes específicos de uma bactéria do solo chamada Bacillus thuringiensis. Essa linhagem de milho produz uma toxina específica para alguns grupos de insetos, facilitando o manejo por um agricultor. Isso acarreta o aumento da produção e da distribuição. Outra amostra da capacidade da biotecnologia é o arroz dourado, um OGM rico em betacaroteno, substância precursora da vitamina A, que pode contribuir com redução da carência nutricional dessa vitamina entre a população.
Por esses e muitos outros avanços, a biotecnologia, que faz parte do currículo do ensino de biologia, é um assunto fundamental no ambiente escolar. E, quando abordado, o tópico sobre alimentos transgênicos é costuma entusiasmar os estudantes, por estar relacionado ao cotidiano deles. No entanto, a maioria dos alunos e alunas acredita que os transgênicos são perigosos e distantes de suas realidades. Muitas vezes os professores se deparam com conclusões preestabelecidas, como a ideia de que esses alimentos desenvolvem doenças (câncer, essencialmente) nos indivíduos. Muitas dessas informações e afirmações não têm embasamento científico, o que descaracteriza a biotecnologia. Por isso, é de grande importância que os professores enfatizem junto aos alunos a necessidade de investigar qualquer informação que recebam, principalmente as oriundas do senso comum.
Uma forma de questionar conclusões reproduzidas do senso comum é levantar debates entre grupos de estudantes, provocando-os para defenderem opiniões divergentes sobre os OGM. Os professores podem interferir, trazendo informações com fontes científicas, para que alunos e alunas se deem conta de que os produtos transgênicos ou seus derivados estão fortemente presentes em nossas vidas para além da produção de alimentos. Alguns exemplos são a produção de vacinas, de hormônios, medicamentos e confecção de roupas. Esse tipo de conversa poderá ser uma grande motivação para que os estudantes busquem mais informações sobre o assunto e também ampliem seus olhares à presença de OGM em seu próprio cotidiano.
Fontes de informações confiáveis a respeito de OGM são as páginas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa em Agropecuária); CTNBIO (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança); e CIB (Conselho de Informações sobre Biotecnologia), sendo esta última mais acessível e dinâmica para os jovens do ensino médio. Nessas páginas encontram-se novidades biotecnológicas, leis brasileiras a respeito dos OGM e artigos de pesquisadores na área. São materiais que podem constituir ferramentas para o professor estimular os estudantes no caminho da leitura científica, o que contribui para formularem perguntas, hipóteses e conclusões mais consistentes.
João Henrique Leite Mendes
Mestrado Profissional em Ensino de Biologia em Rede Nacional (ProfBio)
*Artigo resultante de entrevista com Patrícia Bueno Fernandes, pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo e membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
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