Abu Bakr Muhammad ibn Zakariya al-Razi, conhecido Rhazes, fez contribuições notáveis para a medicina e prescrevia tratamentos humanizados para transtornos mentais em uma época na qual pacientes sofriam com torturas e crendices na busca da cura
Abu Bakr Muhammad ibn Zakariya al-Razi, conhecido Rhazes, fez contribuições notáveis para a medicina e prescrevia tratamentos humanizados para transtornos mentais em uma época na qual pacientes sofriam com torturas e crendices na busca da cura
al-Razi examinando um paciente (pintura em miniatura de Hossein Behzad, 1894–1968)
CRÉDITO: WIKIMEDIA COMMONS
A Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, criou, em 2014, uma campanha de prevenção ao suicídio veiculada durante todo mês de setembro, o “Setembro Amarelo”. A iniciativa é importante: segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a quarta maior causa de morte no mundo entre jovens de 15 a 29 anos.
O suicídio é um problema grave e, apesar da sua natureza complexa e multifatorial, está comumente associado à algum transtorno mental ou psicológico, como casos clínicos de depressão, bipolaridade, alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas e transtornos de personalidade. Também é comum que esses pacientes não tenham recebido um diagnóstico correto ou que não recebam tratamento adequado.
Os primeiros relatos e teorias sobre o que hoje é conhecido como depressão vêm da Mesopotâmia e datam do segundo milênio AEC (Antes da Era Cristã). A depressão era considerada um mal espiritual, e esse pensamento perdurou por muitos séculos. Acreditava-se que pacientes afligidos por depressão haviam sido dominados por espíritos malignos ou cometido algum pecado ou falha grave contra os deuses. Maldições e maus-olhados também eram causas comuns. Como consequência, esses pacientes não eram tratados por médicos, mas por religiosos, padres, curandeiros e feiticeiros. Muitos tratamentos eram brutais e incluíam espancamentos, afogamentos e torturas que podiam levar à morte.
A depressão era considerada um mal espiritual, e esse pensamento perdurou por muitos séculos
Um pioneiro islâmico
Foram muitos séculos até que a depressão fosse reconhecida como uma doença mental,
através do esforço de médicos e cientistas pioneiros como Philippe Pinel (1745-1826), Émile Durkheim (1858-1917), Emil Kraepelin (1856-1926), e mais recentemente Aaron Beck (1921-2021). Mas muito antes desses cientistas, já no século 10, um médico da Pérsia (onde atualmente fica o Irã) havia identificado que doenças mentais surgiam de aflições no cérebro e no sistema nervoso. de tratamentos violentos e exorcismos, ele recomendava uma forma muito antiga, ainda primitiva e experimental, de terapia comportamental, usando banhos terapêuticos, mudanças na dieta e reforços positivos (recompensas que incentivam e consolidam certos comportamentos do paciente).
Abu Bakr Muhammad ibn Zakariya al-Razi (865-925), conhecido como Rhazes, é considerado um dos grandes médicos e cientistas do seu tempo, junto de outros expoentes da cultura Islâmica, como Ibn Sina, conhecido como Avicena (980 – 1037), e Al-Zahrawi (936-1013). Nascido em Rey, uma cidade nos arredores de Teerã, Rhazes fez contribuições notáveis para a medicina, especialmente nos campos da pediatria, neurologia e psiquiatria. Além disso, foi um dos primeiros a praticar a medicina baseada em evidências, tendo inclusive incluído protótipos de testes clínicos em suas pesquisas. Em certo momento, ele dividiu pacientes que sofriam de meningite em dois grupos, um dos grupos recebeu o tratamento padrão da época, a sangria, enquanto o segundo grupo não recebeu tratamento.
Durante sua prolífica vida, ele escreveu mais de 200 livros, muitos ainda estão disponíveis na íntegra e influenciaram o pensamento de grandes médicos medievais, como Andreas Vesalius (1514-1564). Sua obra-prima, “A vida virtuosa” (Jameh-al-Kabir) foi utilizada em cursos de medicina no ocidente durante muitos séculos. O livro “Para quem não tem médico” (Man la Yahduruhu al-Tabib), também conhecido como “medicina para os pobres” era uma referência para o público em geral. Seus livros foram grandes tratados sobre medicina que oferecem explicações, diagnósticos e tratamentos para doenças que assolavam a sociedade da época, alguns exemplos são “As doenças das crianças”, “Provando a ciência da medicina” (Isbat -e-Elm-e-Pezeshki) e “Resultado da Ciência da Medicina” (Daramad-i Bar Elm-e Pezeshki).
A primeira enfermaria psiquiátrica
Sua popularidade o conduziu a direção do mais importante hospital de Bagdá, onde Rhazes introduziu o conceito de enfermarias psiquiátricas como um local para cuidar de pacientes com doenças mentais, que é considerada uma das primeiras alas de psiquiatria conhecidas pela história. Diferente das crenças da época, Rhazes afirmava que os transtornos mentais deveriam ser tratados como condições médicas e usou a medicina baseada em evidências para refutar causas sobrenaturais das doenças mentais, como os gênios (os jinn, na cultura árabe) e o movimento da lua ou outros astros celestes. Seus diagnósticos e tratamentos se baseavam em observações clínicas de pacientes com condições psiquiátricas, que eram tratados com respeito e recebiam uma forma rudimentar de terapia cognitiva, que incluía dieta, medicação, terapia ocupacional, aromaterapia, banhos terapêuticos e musicoterapia. Em uma abordagem pioneira de cuidado pós-alta, Rhazes dava uma quantia em dinheiro para facilitar a transição de retorno à sociedade de seus pacientes.
Rhazes afirmava que os transtornos mentais deveriam ser tratados como condições médicas e usou a medicina baseada em evidências para refutar causas sobrenaturais das doenças mentais, como os gênios
Em seus escritos, Rhazes abordou e formulou explicações para inúmeros termos da psiquiatria e da neurociência, como delírio, alucinação, depressão, loucura, letargia, catatonia, dentre outros. Ele foi um dos primeiros médicos a reconhecer que danos no cérebro e no sistema nervoso estavam relacionados a transtornos mentais e comportamentais. Por exemplo, ele descreveu a depressão como um “transtorno obsessivo-compulsivo melancólico” causado por alterações no fluxo sanguíneo no cérebro. Ele também reconhecia que fatores sociais e culturais contribuíam para esses transtornos.
Rhazes foi um dos primeiros médicos a reconhecer que danos no cérebro e no sistema nervoso estavam relacionados a transtornos mentais e comportamentais
Relatos históricos nos contam que o Califa Al Muktafi (877-908) pediu a Rhazes que supervisionasse a construção de um novo hospital em Bagdá. Para escolher o local do novo hospital, Rhazes espalhou carcaças de animais mortos em vários pontos da cidade e, pessoalmente, inspecionava essas carcaças por sinais de apodrecimento da carne. O local onde a carne apodreceu por último, foi escolhido para a construção do hospital. Hoje em dia nós sabemos que esse teste rudimentar não deveria ser usado como critério para escolher o sítio de construção de um hospital, mas demonstra a acertada preocupação de Rhazes com os riscos ambientais para a saúde humana, uma preocupação muito à frente do seu tempo.
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Adilson
gostei muito. site bem informativo, de forma bem resumida