Alternativas contra picadas de serpentes venenosas

Instituto de Biologia
Universidade Federal Fluminense
Instituto de Química
Universidade Federal Fluminense

Novas substâncias da classe das sulfonamidas mostraram-se eficientes na neutralização de algumas ações tóxicas dos venenos de duas espécies, como edema, hemorragia e morte

CRÉDITO: ADOBE STOCK / EXTRAÇÃO DO VENENO DA JARARACA-DA-BAHIA (BOTHROPS LEUCURUS)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, a cada ano, ocorrem cerca de 5,4 milhões de acidentes com cobras e de 1,8 a 2,7 milhões de envenenamentos por serpentes, resultando em 81 a 137 mil mortes. Além dos óbitos, cerca de 400 mil vítimas ficam com alguma sequela incapacitante. Os acidentes ofídicos (provocados por cobras) representam um problema de saúde pública em todo o mundo. Em 2017, foram incluídos pela OMS na lista de doenças tropicais negligenciadas, que acometem, na maioria das vezes, populações pobres que vivem em áreas rurais, desencadeando discriminação, abandono, perda de renda, dívidas, problemas de saúde mental e redução da qualidade de vida.

Venenos de serpentes são misturas complexas de várias toxinas de natureza proteica, incluindo L-aminoacido oxidases, hialuronidases, metaloproteinases, serinoproteases, fosfolipases e outras substâncias que causam extensa hemorragia e necrose (morte do tecido) no local da picada. 

No Brasil, a principal família de serpentes peçonhentas é a Viperidae (víboras), representada por três gêneros: Crotalus (cascavéis), Lachesis (surucucus) e Bothrops (jararacas), sendo este último o responsável pela maioria dos acidentes ofídicos – cerca de 90%. A Bothrops jararaca e B. jararacussu estão entre as espécies mais venenosas (figura 1). A primeira é encontrada no sul do Brasil, Paraguai e norte da Argentina, enquanto a B. jararacussu ocorre da Bahia a Santa Catarina e no Paraguai, sudeste da Bolívia e nordeste da Argentina.

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