Quando criança, Paloma Costa dizia que queria salvar a Amazônia. Morava em Brasília, distante da floresta, mas a ideia a perseguia. Com toda a certeza, a menina que cresceu em contato com a natureza não poderia imaginar que, anos mais tarde, estaria discursando sobre as queimadas na região amazônica, na abertura da Cúpula do Clima das Nações Unidas (ONU). Estudante de Direito da Universidade de Brasília (UnB),a ambientalista dividiu o palco com a ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que se transformou em símbolo do movimento dos jovens pelo clima, o Fridays for Future. Uma das coordenadoras da ONG Engajamundo (“Uma organização feita por jovens e para jovens, voltada para mostrar que, mudando a nós mesmos e o nosso entorno, somos capazes de transformar o mundo”) e funcionária do Instituto Socioambiental (ISA), Paloma também atravessa o país de bicicleta, no projeto Ciclimáticos, para documentar os impactos da crise climática na vida das pessoas. “Quando conversamos com os tomadores de decisão, que muitas vezes são negacionistas, mostramos, no nosso celular, esses vídeos bem amadores de um lugar, um território ou uma pessoa dando o relato de como foi impactada. Isso é muito forte”, conta a jovem, de 27 anos, que foi uma das organizadoras da Cúpula da Juventude, que antecedeu a Cúpula do Clima. Paloma agora se prepara para marcar presença na COP 25, no mês de dezembro, em Madri. Nesta entrevista à Ciência Hoje, ela fala da luta para levar os jovens ao centro das tomadas de decisão sobre o meio ambiente, da organização do movimento e da urgência de olhar para a sabedoria dos povos da floresta.