Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a biomédica Helena Nader explica impacto de pesquisas e projetos científicos na sociedade e afirma que, da teoria à aplicabilidade, resultados demandam tempo: ‘Não é o retorno do dia seguinte
Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a biomédica Helena Nader explica impacto de pesquisas e projetos científicos na sociedade e afirma que, da teoria à aplicabilidade, resultados demandam tempo: ‘Não é o retorno do dia seguinte
CRÉDITO: CRISTINA LACERDA DIVULGAÇÃO ABC
Na busca por tentar entender e explicar o mundo, a ciência gera conhecimento diverso que impacta a sociedade nas mais variadas esferas, possibilitando desde o desenvolvimento de medicamentos e vacinas que salvam vidas à exploração de petróleo em águas profundas ou até viagens ao espaço. Mas a ciência não é imediata. “Se tem coisas que dão retorno são ciência e educação. Só não é o retorno do dia seguinte. Da teoria à aplicabilidade, se demanda tempo”, diz a biomédica e professora da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Helena Nader, primeira mulher a comandar a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Em entrevista à CH, a presidente da ABC, recém-eleita para seu segundo mandato, defende a aposta na ciência como um investimento, não um gasto. O que o Brasil investe hoje em ciência, cerca de 1,2% do PIB, diz, é pouco comparado a outros países, como Coreia do Sul e Israel, que destinam mais de 5% ao setor. Mesmo nos Estados Unidos, onde a ciência encara uma ofensiva sob o governo de Donald Trump, esse valor é cerca de 3% – aproximadamente o mesmo da China. “Olha o quanto a tecnologia chinesa avançou. Passou da ideia de ‘Na China se copia’ para ‘Na China se cria’. Trata-se de pensar em projetos de longo prazo, de ter um olhar de perspectiva para o futuro. De entender a importância da ciência, inclusive, para a economia brasileira”, diz Helena, que já foi também presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e copresidente da Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS).
CIÊNCIA HOJE: “Ciência” é um conceito extremamente amplo, o que às vezes pode criar certo distanciamento entre aqueles que fazem ciência, os pesquisadores e cientistas, e a sociedade que se beneficia desse conhecimento e suas descobertas. O que é a ciência, afinal?
HELENA NADER: A ciência tenta explicar e entender o mundo, em todas as suas esferas. E ela não é terminativa. A ciência se nutre das informações que existem para aprofundar ainda mais. Por isso criou também a chamada teoria, um conjunto de dados para explicar determinado ambiente ou fenômeno. Todo mundo entende e reconhece que Albert Einstein (1879-1955) é um cientista: ele desenvolveu a Teoria da Relatividade ao unir uma série de dados científicos. A ciência faz isso. É onde difere da religião, por exemplo. As duas podem e deveriam conviver sem problemas, porque uma não invalida a outra. Devem respeitar uma à outra, e não serem colocadas como inimigas frontais. No passado, séculos atrás, os grandes cientistas eram os religiosos. Eram eles importantes físicos, químicos, biólogos. E a ciência não busca dizer se Deus existe ou não. Ela interpreta o cosmos. Levou o homem à Lua. Tenta trazer fragmentos para entender Marte. Quer entender se somos únicos ou se existem outros semelhantes a nós. Veja quanta coisa a ciência fez em cem anos. No passado, uma pessoa de 40 anos já era considerada velha. Veja o número de medicamentos criados para curar dores e salvar pessoas, as tecnologias usadas na agricultura que transformaram o Brasil num grande produtor mundial de alimentos. O país parou de copiar o modelo da agricultura europeia e norte-americana, de locais frios, e começou a olhar para seu próprio clima, seu próprio solo. Graças à ciência. A ciência nos maravilha todo dia.
CH: Em que consiste a rotina de fazer ciência no Brasil?
HN: Como em qualquer profissão, demanda ter prazer no que se faz, e não é fácil, é feita de altos e muitos baixos. Você tem uma hipótese, mas não sabe a resposta. Se já sabe a resposta, seu experimento está errado. É uma busca contínua. Um compromisso. Fazer ciência no Brasil tem uma parte similar a outros países e uma parte de luta que também se parece a outras realidades. Com a diferença de que nos países antigamente chamados de primeiro mundo o reconhecimento do valor da educação e da ciência é constante. Aqui, infelizmente, não. No Brasil, continuamos na mesma situação de ter que provar e mostrar o valor da ciência e da educação. E a ciência só existe quando há a educação, quando há pessoas que, por meio da educação, vão fazer ciência. Mas nossa educação não tem o modelo que gostaríamos. Não motiva os estudantes a terminarem o ensino médio, ou o ensino técnico. A evasão é cada vez maior nas escolas e nas universidades também. Ainda não conseguimos, até hoje, convencer que ciência não é gasto, é investimento. Já a bolsa de valores é tida como investimento. Não entendo. Mas se tem coisas que dão retorno são educação e ciência. Só não é o retorno do dia seguinte. É um retorno que leva alguns anos. Da teoria à aplicabilidade se demanda tempo. A ciência não é imediata, e nossos políticos muitas vezes não enxergam isso. Além disso, muitas das legislações feitas a favor da ciência não são postas em prática. É preciso também olhar para o Judiciário. A lei permite, por exemplo, parcerias entre instituições públicas e privadas, mas muitas vezes, quando surgem oportunidades assim, procuradores e procuradoras interpretam que não pode e acabou. Temos todo um arcabouço jurídico que regulamenta esse tipo de parceria com as empresas, desde a época da presidenta Dilma (Rousseff), só poucas universidades e institutos de pesquisa conseguiram realmente usufruir dessas possibilidades como se esperava da legislação. Nos Estados Unidos, por outro lado, essa parceria é muito antiga. No Brasil, é um sacrifício. E, mesmo tendo aqui um ministério específico, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que outros países não têm, a pasta é muito mal orçamentada. Ainda não conseguimos tirar a ciência do teto de gastos. Desse arcabouço que mais parece um calabouço. Isso é falta de visão estratégica. Olham o amanhã, não daqui a dez anos.
Ainda não conseguimos, até hoje, convencer que ciência não é gasto, é investimento. Já a bolsa de valores é tida como investimento. Não entendo. Mas se tem coisas que dão retorno são educação e ciência. Só não é o retorno do dia seguinte. É um retorno que leva alguns anos
CH: Quanto se investe hoje no país em ciência, e quais os obstáculos enfrentados para que se aumente esse investimento?
HN: O que o Brasil investe hoje em ciência, que não é o número que gostaríamos de ter, é cerca de 1,2% do PIB. A Coreia do Sul, com uma população muito menor e um PIB per capita muito maior, investe mais de 5%. Israel também. Os Estados Unidos, cerca de 3%. Assim como a China que, há 50 anos, estava muito pior do que o Brasil. Agora olha o quanto a tecnologia chinesa avançou. Passou da ideia de “Na China se copia” para “Na China se cria”. Trata-se, de novo, de pensar em projetos de longo prazo, de ter um olhar de perspectiva para o futuro. De entender a importância da ciência, inclusive, para a economia brasileira. Acho que nosso sonho não é o de um Brasil que vai precisar de Bolsa-Família para sempre. Meu sonho, pelo menos, é que esse seja um programa transitório. Mas, do jeito que está nossa educação, o Bolsa-Família, o Programa Pé de Meia etc., serão projetos de nação. Todo o dinheiro que está hoje no PAC da ciência é do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Vamos criar o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), fundamental para ter uma medicina nuclear de primeira e levá-la ao SUS, com o dinheiro do FNDCT. Como vamos fazer o NB4 (laboratório de biossegurança, capaz de lidar com patógenos que podem causar doenças graves, desenvolvido no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas)? Com o dinheiro do FNDCT. Então, qual é o investimento em ciência? Dizem que no PAC se fiscaliza melhor. A ciência não precisa ser mais bem fiscalizada, ela precisa ser financiada melhor. Não entender isso é, de novo, se decidir por uma falta de visão estratégica. Cada vereador, deputado, prefeito, governador, senador, presidente ou ministro é partícipe disso. Poderiam levantar a voz e fazer diferente. 1,2% do PIB não dá. Já foram feitos inclusive cálculos do salto que haveria se a ciência fosse excluída do teto de gastos. Mas não entenderam, ou não querem entender.
CH: Como o investimento em pesquisas e projetos científicos gera avanços e benefícios para a sociedade em que estão inseridos? E influenciar outras áreas para além da própria ciência?
HN: Quando falamos disso, muitas vezes dizem que estamos defendendo causa própria. Mas só esse investimento pode ajudar o Brasil a mudar. Acreditar nisso é meu papel como cidadã, que recebi muito da educação brasileira. Até quando vão achar que ciência é gasto? Seria interessante que mais pessoas que conhecem o valor da ciência viessem a público reconhecê-lo. As empresas, por exemplo. A Embraer, a Petrobras. Só se conseguiu perfurar em altas profundidades por causa da ciência. Veja no Rio de Janeiro, a Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro). É muita ciência e trabalho. A ciência brasileira é gigante e produziu o conhecimento para uma indústria como a Petrobras poder executar. WEG S.A, Boticário, Natura, a lista de exemplos beneficiados pela ciência é extensa. E não só empresas. A ciência salva vidas. Olha o SUS. Tenho muito orgulho da minha instituição, a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que tem um hospital que realiza o maior número de transplantes do mundo de rins. Como é que se faz isso? Ciência.
A ciência salva vidas. Olha o SUS. Tenho muito orgulho da minha instituição, a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que tem um hospital que realiza o maior número de transplantes do mundo de rins. Como é que se faz isso? Ciência.
CH: Qual é o papel, e as dificuldades, de instituições como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), que a senhora preside e para a qual foi reeleita, e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)?
HN: Nosso papel é lutar pela ciência e daí derivam várias ações. A SBPC tem um olhar muito forte na divulgação científica. A ABC também, mas a SBPC, pelo número de sociedades científicas que congrega, tem essa capilaridade que chega nas pontas. Nos últimos anos, vem se consolidando uma parceria grande. Em vez de as instituições brigarem pelo palco, trabalhamos juntas. São instituições com finalidades distantes, mas que desejam o mesmo, o bem do Brasil. Estamos sempre presentes no Congresso, na Câmara.
CH: Muitas pesquisas sem aplicação mercadológica ou imediata são por vezes tidas como menos relevantes ou que “não dão resultado”. Qual é o papel desses projetos que se diriam de “conhecimento não aplicado” do ponto de vista do desenvolvimento científico e qual é a importância de se defender uma ciência ampla?
HN: É só lembrar de novo do Einstein, da Teoria da Relatividade, o que ela continua gerando até hoje. A Teoria Quântica. E tantos outros exemplos. A China, que também já mencionei, aumentou em 30% os investimentos na chamada ciência básica. Porque sabe que é daí que vão sair as grandes revoluções. No Brasil, o cobertor é curto, é tudo financiado só pelo FNDCT, e assim o país ainda vai continuar importando muitas tecnologias, em vez de criar novas. É uma vocação sem futuro. E isso já foi muito avisado. Diferentemente do que está acontecendo nos Estados Unidos, a ciência brasileira não se cala. Nos EUA, a única universidade que levantou a cabeça e falou claramente da liberdade de expressão e de estudo foi Harvard. Isso é autonomia de pensar, de fazer ciência. No Brasil, por outro lado, não existe uma legislação a favor de doações para a ciência, como nos EUA. Por isso Donald Trump quer mudar isso, e se vingar de Harvard.
A China, que também já mencionei, aumentou em 30% os investimentos na chamada ciência básica. Porque sabe que é daí que vão sair as grandes revoluções. No Brasil, o cobertor é curto, é tudo financiado só pelo FNDCT, e assim o país ainda vai continuar importando muitas tecnologias, em vez de criar novas.
CH: Como as demissões, suspensões e cortes em programas e bolsas de pesquisa feitos por Trump ameaçam o avanço da ciência? E como afetam áreas diretamente ligadas ao dia a dia da população, como programas de pesquisa em saúde, clima, entre outras?
HN: O que está acontecendo lá nos deixa perplexos. Por exemplo, as vacinas da Pfizer e da Moderna contra a Covid foram feitas com tecnologia baseada no RNA mensageiro e financiadas com dinheiro do próprio Estado, inclusive no primeiro mandato de Trump. Agora, ele suspendeu essas pesquisas. Mandou congelar todos os financiamentos nessa área. Não dá para entender. Pesquisas em saúde da mulher sofreram cortes. Programas de desenvolvimento de vacinas e incentivo à imunização, como pólio, sarampo, estão sofrendo, num movimento antivacinação que pode gerar uma crise mundial de saúde. Novos vírus podem aparecer. Além disso, financiamentos para novos medicamentos para a AIDS na África foram cortados, o que pode gerar um crescimento exponencial de casos pela falta de tratamento. Pesquisas sobre mudança climática pararam. Enquanto isso, projetos de exploração de gás e óleo em áreas de bacias hidrográficas são incentivados. São ações guiadas pelo dinheiro, uma questão econômica. E que impactam a todo o mundo, hoje totalmente interligado.
CH: Qual é o risco para o Brasil de viver um cenário parecido de alerta e de danos à ciência e como combatê-lo?
HN: É a pergunta de um milhão de dólares. A população precisa estar mais bem esclarecida, saber em quem vota e o que essas pessoas defendem. A que vieram, a que vêm. Porque esse modelo anticiência que acontece nos Estados Unidos pode chegar aqui. Já vivemos um exemplo na questão da vacinação. O Brasil era líder mundial em imunização, e hoje os números estão aquém do ideal. Também não é possível mais, por exemplo, negar a pauta das mudanças climáticas. A COP30 está se aproximando, e o Brasil tem um papel relevante nisso. É preciso transparência. Já temos tecnologia para aumentar a capacidade de produção de gado sem precisar aumentar a área de pastagens. Da mesma forma, a tecnologia agrícola avançou muito. Tudo isso tem que ficar claro. Não pode ser aquela história de aproveitar “e ir passando a boiada”. Faz pouco tempo que ouvimos isso de um ministro do Meio Ambiente, não foi no século passado, isso é muito sério. Continuamos muito tensionados, e isso não é bom para nenhum de nós. Precisamos de debates de verdade, e não de ofensas.
Esse modelo anticiência que acontece nos Estados Unidos pode chegar aqui. Já vivemos um exemplo na questão da vacinação. O Brasil era líder mundial em imunização, e hoje os números estão aquém do ideal
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