Após uma década e meia de governos “à esquerda do centro”, não era inesperada a alternância de poder no Brasil a partir das eleições presidenciais de 2018, analisa o cientista político Renato Lessa, professor de Filosofia Política na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e investigador associado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (Portugal). No entanto, ele ressalta que a forma como se deu a vitória do candidato da extrema direita, com a “desqualificação política e eleitoral da centro-direita”, “a demonização da política naturalizada pela grande imprensa”, entre outros aspectos, ainda merece muita investigação. Nesta entrevista, Lessa reflete sobre isso e também sobre o futuro de áreas como educação, C&T, política externa, além de pautas sociais e ambientais, nos próximos quatro anos. “Nada auspicioso”, ele resume.
Ciência Hoje: Qual a sua análise do resultado das eleições presidenciais em 2018? Essa alternância de poder, passando da esquerda à direita, já era esperada?
Renato Lessa: A perspectiva de alternância na ocupação do governo é inerente à democracia. Não era inesperado que, depois de década e meia de governos à esquerda do centro, com deterioração acentuada de qualidade nos últimos anos, a conta eleitoral chegasse. Em certo sentido, a própria longa duração de governos de centro-esquerda ou centro-direita, em cenário democrático e de competição aberta, prepara a emergência da força oposta. A razão é simples: nada é bom para sempre e, desde [Nicolau] Maquiavel, sabemos que os humanos mudam sempre de senhores, pois assim creem que estão a melhorar…
O que ocorreu nas últimas eleições, no entanto, excedeu a dinâmica de ‘normalidade a longo prazo’. A esperada virada à direita foi galvanizada por uma vertente de extrema direita capaz de capturar praticamente todos os votos normalmente dispersos no segmento eleitoral que se situa à direita do centro. O desempenho eleitoral da centro-esquerda não foi de todo mau. Perdeu o prêmio principal – a posse do governo –, mas a marca de 45% dos votos no segundo turno não é desprezível.
Valquíria Daher
Jornalista, Instituto Ciência Hoje
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