Um dos fenômenos menos conhecidos e mais intrigantes relacionados ao tráfico transatlântico de africanos escravizados é o impacto que teve sobre o comportamento dos tubarões. E pensar em tubarão logo traz à mente a hipnotizante melodia de um dos maiores clássicos do cinema norte-americano. Na sequência, é como se a própria imagem aterradora da mandíbula do predador dos oceanos se materializasse, evocando seu poder de destruição. No entanto, há uma visão menos sombria a considerar.
Embora sejam conhecidas mais de 400 espécies de tubarão, apenas 33 delas registraram ataques a seres humanos. Talvez por isso o cineasta norte-americano Steven Spielberg tenha expressado remorso pelo impacto que seu filme causou na reputação desses animais. Desde 1975, a caça ao tubarão-branco aumentou consideravelmente. Enquanto muitos associam o tubarão ao famoso filme, poucos o relacionam ao horrendo comércio de seres humanos.
Um breve mergulho nas águas turvas do passado permite compreender como o tráfico de escravizados alterou o comportamento dos tubarões. Por meio de alguns relatos, tanto de capitães como de escravizados, buscaremos ilustrar esse fenômeno perturbador.
Através das descrições dos que testemunharam esses horrores, podemos compreender a terrível realidade enfrentada por aqueles que eram capturados, transportados e vendidos como mercadorias. Esses relatos não apenas nos conectam intensamente com o passado, mas também nos lembram da necessidade urgente de reconhecer e confrontar as profundezas da injustiça e da crueldade humanas.