O sapinho-pulga (Brachycephalus pulex) é o menor vertebrado terrestre conhecido, medindo, em média, sete milímetros de comprimento. Geração após geração, ao longo de milhões de anos de evolução, os ancestrais dos sapinhos-pulga passaram por um processo evolutivo chamado ‘miniaturização’, no qual parte das extremidades diminuíram até serem perdidas – em vez de apresentar cinco dedos, o sapinho-pulga só tem dois deles.

Ser tão pequeno tem suas vantagens. Na Bahia, na serrapilheira – camada de folhas secas que cobre o chão da floresta – da mata Atlântica do sul, vive uma grande quantidade de ácaros e colêmbolos – estes últimos, no Brasil, são conhecidos como pulgas-de-jardim.

Esses invertebrados diminutos, raramente, são comidos por anfíbios ou outros animais, mas o sapinho-pulga é especialista em se alimentar deles.

Mas uma desvantagem de ser tão pequeno é que os sapinhos-pulga acabam perdendo a habilidade de pular adequadamente. Se se são forçados a fazer isso, acabam ‘capotando’. Talvez isso ocorra porque nesses animais o sistema vestibular, que atua como um giroscópio, apresenta canais tão pequenos que a endolinfa, fluido contido no labirinto, não consegue fluir bem, resultando numa perda de orientação.

Graças a estudos com outras espécies de sapos-pulga, sabemos que esses anfíbios sofreram, por causa da miniaturização, uma redução dos ossos que compõem seu sistema auditivo, o que faz com que eles sejam surdos.

É possível que isso também tenha ocorrido com o sapinho-pulga, mas só mais pesquisas poderão revelar se os ossículos do ouvido do Brachycephalus pulex ainda funcionam para ouvir ou se, ao longo da evolução, também foram reduzidos ao ponto de não funcionarem mais para esse propósito.