O que é a mecânica quântica? Quando indagada, a maioria dos cientistas diria algo como “é a teoria que descreve o mundo microscópico”. A mecânica quântica, de fato, nasceu da necessidade de se explicar a aventura humana no universo do muito pequeno: da radiação emitida por corpos aquecidos à miríade de partículas subatômicas e as forças (interações) que agem sobre elas.
Mas efeitos quânticos também estão presentes em grandes escalas: i) na explicação da radiação cósmica de fundo, ‘calor’ tênue que permeia todo o universo e resultou do processo que lhe deu origem, o Big Bang; ii) na radiação emitida por buracos negros, corpos ultramassivos que devoram matéria e luz ao seu redor.
Esses são só dois exemplos – de uma ampla variedade de fenômenos em grande escala – em que a mecânica quântica se mostra válida. Mas, apesar dessa universalidade, essa teoria – tida como a de maior poder de previsão da ciência – traz em seu bojo implicações que estão longe de serem intuitivas, por ferirem o senso que aplicamos à análise dos fenômenos macroscópicos, de nosso cotidiano.
Nesse sentido, podemos citar o famoso gato de Schrödinger, proposto pelo físico austríaco Erwin Schrödinger (1887-1961). Nesse experimento mental, um felino, no interior de uma caixa, se encontra ‘vivo e morto’, ou seja, em uma superposição desses dois estados macroscópicos.
Mas, sem dúvida, a implicação mais polêmica da mecânica quântica é o chamado problema da medição – questão até hoje em aberto e motivo de debate entre especialistas, incluindo filósofos. Para entendê-lo, vamos retroceder um pouco na história.