Pintado sobre madeira, o quadro tem uma perspectiva perfeita: seu ponto de fuga põe os observadores em uma posição ‘ideal’ para apreciar aquela paisagem urbana da melhor forma, em plena harmonia arquitetônica. Ou seja, combina idealismo matemático com estética, somados a uma aura da Atenas Antiga, cidade considerada o auge da civilização humana, por pensadores renascentistas.
Citta ideale não foi só um exercício de pintura, mas também um roteiro para programas reais de construção. Por exemplo, em Roma, foi usado no templete do arquiteto italiano Donato di Angelo del Pasciuccio (1444-1514) – conhecido como Bramante –, projetado como um local de culto ideal, com uma atmosfera do mundo clássico e um equilíbrio harmonioso e matemático.
Uma importante influência contemporânea na construção de espaços é o arquiteto, urbanista e designer suíço-francês Charles-Edouard Jeanneret-Gris (1887-1965). Mais conhecido como Le Corbusier, ele desempenhou papel fundamental na definição da arquitetura moderna.
Le Corbusier influenciou ecossistemas tecnológicos e criativos, como a fotografia e o cinema, que fizeram uso de suas ideias para criar metaversos. Por exemplo, o cineasta austríaco Fritz Lang (1890-1976) e o designer alemão Erich Kettelhut (1893-1979) exploraram conceitos de Le Corbusier no set do filme Metrópolis (1927). Mais recentemente, o filme Matrix (1999) apresenta um metaverso em que a vida real é uma simulação tão realista que as pessoas não sabem que estão vivendo nela – um conceito do filósofo francês Jean Baudrillard (1929-2007).
Outros exemplos: i) a plataforma Second Life, criada em 1999 pelo norte-americano Philip Rosendale e pioneira na criação de experiências virtuais coletivas; ii) o filme Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo (2023), que explora narrativas em um multiverso e foi ganhador de vários prêmios.