Esses microrganismos estão presentes, por exemplo, em uma simples gota d’água, entre grãos de areia, em nosso corpo (saliva, sangue, trato intestinal etc.) e em inúmeras associações com outros organismos.
Vimos que a diversidade de protozoários é subestimada nos locais que conhecemos. Imaginemos, então, qual seria essa estimativa, caso incluíssemos lugares inóspitos e ainda inexplorados.
Se tivéssemos a tarefa de realizar uma lista de espécies de protozoários em uma ilha tropical, por exemplo, poderíamos encontrá-los no plâncton, no sedimento marinho, no solo, nos rios, nos lagos, nas poças, em tanques de bromélias. E também associados a líquens, musgos, invertebrados, vertebrados e plantas (na seiva destas últimas). Tudo isso em só um ambiente.
Os protozoários são muitas vezes considerados ‘vilões’, quando na condição de parasitos, pois causam doenças (muitas delas, graves) em humanos, como malária, doença de Chagas, doença do sono, leishmaniose, toxoplasmose, amebíase, giardíase, tricomoníase, babesiose etc. E também podem provocar doenças em animais não humanos, como animais de produção e silvestres – por exemplo, as doenças nagana, neosporose, eimeriose, isosporíase, malária aviária, theileriose etc.
Mas são considerados os ‘mocinhos’, quando controlam, ao se alimentarem, as populações de bactérias responsáveis por diversas funções no ecossistema. Por exemplo, podem ‘desintoxicar’ mananciais de água e estações de tratamento do esgoto, remineralizando (‘limpando’) a matéria orgânica e metais pesados – os protozoários são considerados bons indicadores da qualidade da água, dada sua elevada sensibilidade às alterações ambientais.
No rúmen (estômago) de mamíferos ruminantes (bois, cabras, ovelhas etc.), protozoários ciliados – dotados de estruturas que lembram ‘cílios’ – degradam a matéria vegetal ingerida por esses animais, criando um ambiente rico em proteínas, vitaminas e energia – por sinal, esse sistema é usado como modelo para reatores que fazem a conversão de biomassa (como bagaço de cana) em biocombustíveis, como o bioetanol (álcool).
Protozoários flagelados – que têm flagelo, uma espécie de ‘cauda’ – auxiliam na digestão de celulose presente na madeira ingerida pelos cupins.
A esta altura, vale fazer um convite. Caso você tenha se interessado pelo tema, pode visitar o projeto de extensão ‘Desvendando o microcosmo’, desenvolvido por nosso grupo. Basta entrar no Instagram e buscar por @microcosmos_ufjf.
A iniciativa – que traz imagens, vídeos e resultados de nossas pesquisas – é voltada para um público diversificado, de interessados no tema a estudantes e professores, inclusive de graduação e pós-graduação. E o espaço é interativo.
Thais
Obrigada pelo texto. Estou preparando as aulas para meus alunos e encontrar esse site foi muito importante.