Apesar de reforçar o falso estereótipo do macho como figura central entre os leões, filme retrata vários aspectos do comportamento desses felinos na natureza e traz uma representação fiel do cenário da savana africana
Apesar de reforçar o falso estereótipo do macho como figura central entre os leões, filme retrata vários aspectos do comportamento desses felinos na natureza e traz uma representação fiel do cenário da savana africana
FOTO: DIVULGAÇÃO
O Rei Leão talvez seja um dos filmes mais emblemáticos da Disney e que marcaram a infância de uma geração inteira. A história acompanha o crescimento do jovem leão Simba, destinado a se tornar o rei da selva e assumir o lugar de seu pai, o rei Mufasa. Apesar dos muitos ensinamentos que Mufasa transmitiu ao filho, o jovem príncipe acabou caindo em uma armadilha criada por seu tio Scar, o que ocasionou a morte de seu pai. Sentindo-se culpado (e sem saber que tudo havia sido tramado pelo tio), Simba foge para terras distantes e deixa o trono livre para Scar.
Em seu exílio, o jovem torna-se amigo da dupla Timão e Pumba (um suricato e um javali-africano, respectivamente) e aprende com os dois o ‘hakuna-matata’, um estilo de vida de total despreocupação e fuga de qualquer problema ou responsabilidade. Ao se tornar um jovem adulto, Simba tem um encontro com Rafiki (um mandril que era amigo e conselheiro de seu pai) e com o espírito de Mufasa, o que o faz decidir retornar para seu reino, derrotar Scar e assumir o trono que lhe era de direito.
Além de nos contemplar com uma bela representação da savana africana, o filme nos permite acompanhar a vida de um leão. Mas quão fiel à realidade é O Rei Leão? O que podemos aprender com o filme e o que é mera ficção?
Talvez por serem predadores que ocupam o topo da cadeia alimentar, os leões são frequentemente chamados de reis da selva. A enorme capacidade de caça das fêmeas e a imponente juba do macho (associada ao seu potente rugido) provavelmente foram alguns dos fatores que os tornaram símbolos de força, nobreza e destemor. Mas é evidente que a denominação de ‘rei’ não passa de uma simbologia sem nenhum significado ecológico.
Além disso, a selva é um bioma localizado em regiões próximas dos trópicos e da linha do equador. Trata-se de uma floresta densa com bastante ocorrência de chuvas. E esse não é um local que os leões costumam habitar. A maior parte dos leões habita as savanas e planícies.
Infelizmente, essa alcunha de ‘rei’ e a admiração que temos por esses grandes felinos não os ajudaram a manter sua população e biodiversidade preservadas. Na verdade, podem ter tido até o efeito contrário, já que o enorme fascínio que temos por esse mamífero pode ser um dos principais estímulos à sua caça ilegal. Estudos estimam que, nos últimos 21 anos, houve um declínio de 42% na população de leões na África, restando entre 16.500 e 35.000 espécimes apenas. Os cientistas ainda preveem que, nos próximos 20 anos, esse número será reduzido pela metade.
Os leões são os únicos felinos que vivem em grupo. Uma alcateia é como uma família e pode ser formada por até 40 membros, sendo que fêmeas adultas e filhotes são a maior parte. Um grupo pode chegar a ter até quatro machos adultos, mas dificilmente passa disso.
Quando os filhotes machos crescem, eles deixam sua família e não retornam mais. E há um bom motivo para isso. O retorno de Simba para sua alcateia de nascença significa um retorno para sua família. Qualquer fêmea com quem ele se relacionasse teria um grau de parentesco com ele. Nala, em particular, provavelmente era sua prima ou mesmo irmã. O não retorno dos machos que atingiram idade sexual garante uma maior variabilidade genética da espécie.
Outro fator que afeta o comportamento dos leões é a juba dos machos. Essa pelagem não é só um mero adereço estético, trata-se de um importante indicador da qualidade de vida e das capacidades físicas do animal. A cor e o volume da juba podem se alterar com o tempo, a depender da saúde do leão. Uma juba escura, como a de Scar (o tio de Simba e vilão do filme), indica uma boa condição física, níveis mais altos de testosterona e uma melhor saúde. Por isso, o mais provável é que as fêmeas escolhessem exclusivamente Scar para copular, e não Mufasa. Isso faria com que Simba e Nala fossem não apenas irmãos, mas também filhos de Scar.
Uma incongruência apontada por cientistas é que o novo filme do Rei Leão reforça ainda mais o falso estereótipo de que o macho é quem tem importância central na alcateia, afinal, ele seria o rei. Mas isso não é bem verdade. As fêmeas são as principais responsáveis pelas decisões tomadas, são as que caçam e trazem alimento para o grupo (já que a juba dos machos atrapalha a caça), são as que possuem maior longevidade e ficam na alcateia por mais tempo. Os machos vêm e vão. Muitos morrem em brigas e outros machos acabam sendo incorporados à família. As fêmeas não costumam competir, não há hierarquia entre elas.
A savana é um bioma majoritariamente formado por vegetação baixa (como gramíneas, arbustos e pequenas árvores). As árvores maiores existem em pouca quantidade e são mais esparsas.
O solo é geralmente pobre de nutrientes e há períodos de seca intensa, o que dificulta o surgimento de árvores grandes e favorece a ocorrência de incêndios espontâneos. Por essa razão, as árvores costumam ser retorcidas e de casca grossa. Tudo isso é bem retratado nos filmes, o que traz uma boa compreensão do que é a savana do mundo real.
O filme também retrata um problema ecológico importante, ao mostrar o aumento excessivo da população de hienas, provavelmente devido ao fato de Scar protegê-las e ajudá-las a se alimentar. Como aponta um grupo de pesquisadores, o excesso de hienas (que, assim como os leões, são animais carnívoros) pode ter espantado muitos herbívoros daquela região, levando a uma escassez de alimento para os carnívoros.
Esse desequilíbrio ecológico é algo que acontece quando uma população cresce ou diminui drasticamente na natureza e foi bem retratado no filme, embora de forma sutil.
O leão é considerado um animal hipercarnívoro, isto é, mais de 70% da sua alimentação são baseados em carne. Um leão adulto tem, em média, 190 Kg e, para manter esse porte, ele pode chegar a comer perto de 10 mil calorias por dia.
Quando Timão e Pumba levam Simba para conhecer a vida fora da alcateia e seu peculiar estilo de vida, eles ensinam o felino a se alimentar de insetos, afinal, eles próprios poderiam virar comida do leão quando a fome viesse. Mas seria possível um leão jovem se tornar um adulto apenas se alimentando de insetos? Isso certamente é algo improvável de se ver na natureza, mas não é completamente inverossímil.
Insetos podem ser muito mais nutritivos do que mamíferos. Para exemplificar, 100 gramas de carne bovina tem uma média de 21 gramas de proteína e 191 calorias de energia, enquanto 100 gramas de gafanhoto podem totalizar 53 gramas de proteína e 430 calorias de energia, além de possuírem outros componentes em quantidade igual ou maior do que a carne bovina, como ferro, potássio, sódio, cálcio etc. Desse modo, seria possível o Simba ter uma dieta mais restrita a insetos e crescer saudável e forte.
Não é à toa que muitos especialistas apostam em uma tendência crescente de nos alimentarmos mais de insetos do que de bovinos, já que ocupam muito menos espaço (reduzindo o desmatamento para novas criações de gado), consomem muito menos água, geram menos gases-estufa e fornecem mais nutrientes em menor quantidade.
Portanto, o que podemos concluir é que, embora O Rei Leão tenha algumas incongruências e reproduza estereótipos equivocados, o filme pode nos ensinar muito sobre o comportamento desses fascinantes felinos sociais e o local onde vivem.
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