Revelações das praias do passado

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Entre os principais debates que têm dominado o dia a dia da sociedade, destaca-se o cenário das mudanças climáticas globais e as consequências relacionadas às projeções de aumento do nível do mar para este século. Uma das formas de compreendermos como se dará o impacto na linha de costa é investigar como ocorreram as mudanças pretéritas do nível do mar e as respostas paleogeográficas das planícies costeiras.

CRÉDITO ABERTURA: ADOBESTOCK

Para investigar como ocorreram as mudanças do nível do mar no passado e como se deram as respostas paleogeográficas das planícies costeiras em escala temporal, é interessante analisar o período geológico do Quaternário.  Esse período engloba os últimos 2,6 milhões de anos da Terra e pode ser dividido em duas épocas: o Pleistoceno (de 2,6 milhões de anos a 11,7 mil anos); e o Holoceno, que corresponde aos últimos 11,7 mil anos e no qual estamos posicionados atualmente na escala de tempo geológica. 

Uma das principais características do Quaternário são as oscilações climáticas que resultaram em ciclos de períodos glaciais (mais frios) e períodos interglaciais (mais quentes), com duração aproximada de 100 mil anos. As causas são, principalmente, de origem astronômica. As mudanças produzidas na órbita terrestre em torno do Sol e na inclinação do eixo de rotação terrestre derivam da teoria dos ciclos orbitais, de Croll-Milankovitch.

Tais mudanças produzem alterações da insolação nas regiões de alta latitude do hemisfério Norte, provocando, respectivamente, expansão ou derretimento das geleiras. Esses processos, como consequência, são responsáveis por gerar alterações verticais do nível do mar, na ordem de dezenas a um pouco mais de uma centena de metros, e são chamados de glacioeustasia.

Indicadores de níveis marinhos

Uma das formas de contar a história dessas oscilações do nível do mar é por meio da análise de indicadores de paleoníveis marinhos que ficaram preservados na parte emersa ou submersa das paisagens. Esses indicadores podem ser do tipo: (i) biológico, quando há fósseis de organismos incrustados em costões rochosos, por exemplo; (ii) arqueológico, a partir de vestígios de populações de caçadores-coletores que viviam em áreas litorâneas; e (iii) geológico-geomorfológico, quando se observam registros de entalhes e plataformas de abrasão em falésias e costões rochosos e sequências de paleopraias preservadas em planícies costeiras, que são o foco deste artigo.

Uma das formas de contar a história dessas oscilações do nível do mar é por meio da análise de indicadores de paleoníveis marinhos que ficaram preservados na parte emersa ou submersa das paisagens

As paleopraias, também denominadas cristas de praia, são feições principalmente arenosas, alongadas, orientadas paralelas ou subparalelas à linha de costa, que foram formadas pela ação combinada de ondas e ventos. Essa combinação de processos produz uma topografia em que são intercaladas cristas e depressões, caracterizando uma morfologia ondulada da planície costeira.

Cada crista representa uma antiga praia e, consequentemente, uma antiga posição de linha de costa. Com frequência, as paleopraias também funcionam como o substrato no qual se desenvolvem os ecossistemas de restinga no litoral brasileiro (figura 1).

Figura 1. Praia e paleopraias que formam a planície costeira do Parque Nacional de Restingas de Jurubatiba (RJ). Coordenadas geográficas: 22°13’44.11”S / 41°33’12.56”O. (Ano da foto: 2019)

CRÉDITO: ACERVO LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA FÍSICA – LAGEF – UFF

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