Por se tratar de um fenômeno relativamente recente, com consequências gerais ainda pouco compreendidas, ainda há pouca informação na literatura sobre como lidar com a ecoansiedade e, sobretudo, como evitar seu potencial efeito desmotivador na luta contra a crise ambiental.
Do ponto de vista do cuidado individual, além das recomendações usuais em casos gerais de ansiedade, os psicólogos recomendam também ações específicas, como evitar o consumo excessivo de notícias negativas, especialmente aquelas de teor sensacionalista.
De fato, diversos estudos destacam a superexposição a informações perturbadoras como um dos principais fatores causadores de ansiedade. Em tempos de hiperconectividade e desinformação, é particularmente importante estar atento à confiabilidade das fontes de informação e estabelecer uma frequência equilibrada de acesso a esse tipo de conteúdo.
Outra medida de autocuidado recomendada é transformar a preocupação em ação, tomando parte em atividades e práticas sustentáveis. Essa também é considerada uma forma de reduzir sentimentos de culpa e impotência associados à crise ambiental.
Como a solução da crise ambiental exige medidas amplas, o engajamento deve ser entendido como algo que vai além das práticas sustentáveis individuais – requer envolvimento ativo em soluções coletivas. Por isso, a ecoansiedade deve ser enfrentada não apenas para reduzir o sofrimento psicológico, mas também para evitar que afete a disposição das pessoas em se engajar.
Embora válidas, as medidas citadas acima tratam apenas dos efeitos individuais da ecoansiedade, com pouco potencial de mitigar seus efeitos sistêmicos. Para impedir que essa emoção desestimule a transformação social, é essencial ir além das iniciativas de remediação individual e adotar uma abordagem ativa e preventiva na comunicação sobre a crise ambiental.
Ao destacarem os prognósticos catastróficos da crise ambiental, muitas vezes omitindo ou desconsiderando as alternativas de luta e superação da crise, jornalistas, ambientalistas, cientistas e professores parecem apostar majoritariamente no medo como estratégia de convencimento.
Ainda que bem intencionada, essa abordagem ignora que o medo, embora importante para a tomada de consciência acerca de uma ameaça, pode levar à inação, à negação e a evitar o problema, especialmente quando a opção pelo seu enfrentamento envolve grandes riscos e incertezas.
Se quisermos não apenas conscientizar a sociedade sobre a crise ecológica, mas também potencializar o engajamento ambiental, devemos nos empenhar no uso de uma linguagem mais equilibrada, contrapondo a mera exposição de dados alarmantes com a apresentação de argumentos motivadores.
Estudiosos da ecoansiedade afirmam que o otimismo e a esperança realistas – isto é, quando não baseados em negação da realidade – estão entre os fatores que mais contribuem para a prática de comportamentos pró-ambientais. Nesse sentido, garantir que se mantenha uma perspectiva positiva no horizonte de possibilidades para o futuro é tarefa fundamental na luta contra a degradação ambiental.
Mas como oferecer uma perspectiva positiva e, ao mesmo tempo, realista, sem omitir fatos e dados científicos, em sua maioria assustadores?