Os contos de fadas permitem compreender o imaginário do homem medieval e moderno e o contexto em que ele viveu.
As narrativas maravilhosas, também conhecidas como contos de fadas, que, durante séculos, embalaram o sono de crianças das mais diversas culturas e contextos, podem e devem ser analisadas como um material bastante significativo para a nossa compreensão do que foi o imaginário do homem medieval e moderno.
Contos maravilhosos são as narrativas nas quais a introdução de um elemento mágico é capaz de promover a ruptura da ordem e da previsibilidade do cotidiano das personagens da trama, como nos explica o historiador medievalista Jacques Le Goff, em um dos seus mais famosos estudos sobre o tema. Para ele, o adjetivo ‘maravilhoso’, longe de quantificar a beleza e a perfeição do mundo, serve para nomear o insólito, o espantoso; aquilo que não se pode explicar à luz da racionalidade e cuja função principal seria a de servir de contrapeso à banalidade e à regularidade do cotidiano.