Mais do que cenário para as histórias, a fauna e a flora presentes em filmes e jogos podem trazer informações sobre as características da natureza ao nosso redor e nos lembrar da importância de preservá-la
CRÉDITO: FOTO DIVULGAÇÃO
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Você sabe o que é um bioma? Sabe citar o nome de um bioma qualquer? Sabe em qual bioma você vive?
Vamos falar então sobre alguns biomas e como eles são representados em filmes e séries.
Um bioma é uma comunidade biológica composta por uma fauna e uma flora específicas e que ocupa um espaço geográfico específico. A combinação do bioma com características como clima, solo e relevo constitui os chamados domínios morfoclimáticos.
Neste texto, vamos dividir os biomas em três grupos: os biomas frios, os temperados e os tropicais.
O bioma mais frio da Terra é a tundra, que pode ser encontrada bem ao norte do planeta, na região do Círculo Polar Ártico. Durante os dois meses de verão dessa região, a neve e o gelo que cobrem o solo dão lugar a uma vegetação bem baixa (musgos, arbustos, líquens); já nos dez meses restantes, que são apenas de inverno, tudo congela e a vegetação desaparece.
Uma boa representação da tundra pode ser vista no filme Star Wars: episódio V – O Império contra-ataca (1980). O planeta Hoth, sede de uma grande batalha entre o Império e a Aliança Rebelde, tem características muito parecidas com as da tundra.
No jogo Minecraft, é possível explorar tundras e encontrar iglus, ursos polares e neve para todos os lados. Um dos erros do jogo, no entanto, foi permitir que nasçam árvores nesse bioma, o que não acontece no mundo real. O solo da tundra é muito fino e muito pobre em nutrientes, além de quase não chover nesse bioma, o que o torna um lugar inóspito para qualquer árvore.
Algo que torna a tundra especial e temida é o chamado permafrost, uma camada enorme do solo que está completamente congelada e guarda fósseis de milhares de anos.
O derretimento do permafrost, devido às mudanças climáticas globais, é motivo de muita preocupação, por estar liberando enormes quantidades de gases do efeito estufa, mercúrio tóxico, vírus e bactérias. Pesquisadores especulam que, nesse solo, podem estar congelados microrganismos que transmitem doenças hoje erradicadas (como varíola, gripe espanhola, entre outras) ou doenças desconhecidas.
Outro bioma frio, mas menos do que a tundra, é a floresta boreal (também chamada de floresta de coníferas ou taiga). Essa floresta está logo ao sul das tundras e, apesar de ter o solo também pobre, possui árvores. As árvores que se adaptaram a esse ambiente são as que têm formato de cone, como os pinheiros, para não acumular neve.
Esse bioma possui uma variedade maior de animais do que a tundra, devido à maior disponibilidade de alimento e ao clima não tão extremo. Vivem por lá animais como alces, ursos-pardos e renas.
É possível ver esse bioma na série de filmes As crônicas de Nárnia, no filme Frozen (2013) e também na saga Star Wars (mais especificamente no planeta Anderaan, lar da princesa Leia). Em Minecraft, não faltam taigas cobertas de pinheiros e habitadas por lobos e raposas.
Indo mais para o sul, passamos pela região temperada do planeta, famosa por ter as quatro estações bem definidas. Dois biomas podem ser encontrados nessa faixa: a floresta temperada e, em locais de poucas chuvas, os campos.
Uma das características mais marcantes da floresta temperada é, sem dúvida, a presença de árvores caducifólias (ou seja, que perdem suas folhas em uma época específica do ano, geralmente no inverno).
No verão, há mais chuvas e a vegetação aumenta nesse bioma. No outono, ainda pode haver bastante umidade e calor, mas as folhas de muitas árvores começam a ficar douradas ou amarronzadas e cair. No inverno, as folhas terminam de cair e a temperatura diminui. Na primavera, a temperatura e a umidade voltam a aumentar e as folhas nascem novamente.
O clássico Bambi (1942), animação da Disney que acompanha o ciclo de vida de um cervo, se passa em uma floresta temperada e mostra, de maneira fiel, a dinâmica das estações do ano. Não à toa, pesquisas científicas, como a da bióloga Caroline Santos dos Anjos, publicada em 2017 no periódico #Tear: Revista de Educação, Ciência e Tecnologia, investigam as potencialidades do filme no ensino de ecologia e educação ambiental.
Indo mais para o sul, chegamos à região tropical, que se localiza entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio. Diferentemente da região temperada, a tropical possui duas grandes estações: a de seca e a de chuvas. Dentre os biomas que podemos encontrar nessa região, destacam-se a savana e a floresta tropical.
Muito conhecida pelo filme O Rei Leão (1994), a savana é um bioma geralmente plano, coberto por uma vegetação majoritariamente rasa (como gramas) e algumas árvores esparsas, bem distantes umas das outras. No período de estiagem, a vegetação da savana seca rapidamente e se torna combustível fácil para incêndios espontâneos (que são comuns nesse bioma).
No Brasil, existem algumas variedades de savanas que recebem diferentes nomes. Uma dessas variedades é o cerrado, reconhecido como a savana mais rica em biodiversidade do mundo e, ao mesmo tempo, o bioma mais ameaçado do Brasil. Fatores como expansão da agropecuária, expansão urbana, mineração, extrativismo predatório e caça vêm devastando o cerrado e ameaçando centenas de espécies de extinção.
Finalmente, chegamos às florestas tropicais e equatoriais, marcadas por temperaturas mais altas e muita chuva, o que garante uma vegetação densa e diversa e uma enorme biodiversidade. Esse bioma, que, no jogo Minecraft, é chamado de selva, frequentemente é palco de grandes produções hollywoodianas.
Mogli, o menino lobo (2016) é ambientado em uma floresta tropical indiana. Jumanji: bem-vindo à selva (2019) se passa em uma floresta tropical fictícia (dentro de um jogo de videogame), mas foi filmado no Havaí. E Predador (1987) foi filmado em uma floresta tropical mexicana. A famosa ilha de Kauai, no Havaí, coberta por uma bela floresta tropical, foi cenário de inúmeros filmes, como Indiana Jones e os caçadores da arca perdida (1981), Jurassic Park (1993), Trovão tropical (2008) e Piratas do Caribe 4 (2011).
No Brasil, temos duas importantíssimas florestas tropicais: a floresta amazônica e a mata atlântica. Ambas são bastante densas, com vegetação latifoliada (folhas largas), perenifólia (cujas folhas não caem nas trocas de estação), higrófilas e hidrófilas (que gostam de umidade e de água, respectivamente). Por ser muito densa, essa floresta não deixa boa parte da luz do Sol chegar ao solo, o que o mantém bastante úmido.
Na floresta amazônica, que é a floresta equatorial com maior biodiversidade do mundo, a evaporação da água do solo, combinada com a perda de água das plantas por transpiração, projeta para o ar bilhões de litros de água, formando uma grande massa de ar úmida sobre a floresta. Essa massa (chamada de Massa Equatorial Continental) é empurrada para as regiões centro-oeste e sudeste, provocando chuvas. Essa massa de ar úmida é tão grande que também recebe o nome de rios voadores.
O avanço da destruição da Amazônia pode comprometer os rios voadores e, consequentemente, prejudicar essa grande bomba de água que irriga uma parcela grande do país. Especialistas afirmam que a Amazônia já começou a sofrer um processo de savanização (ou seja, está caminhando para se tornar uma savana), e uma consequência disso é que o Brasil e outros países podem estar iniciando um processo irreversível de desertificação. Podemos nos tornar um país parecido com a Austrália (que possui áreas úmidas no litoral e um grande deserto no meio).
A mata atlântica, por sua vez, é uma floresta tropical que fica localizada no litoral brasileiro. Como essa região é a mais povoada do país, a mata atlântica é o bioma que mais sofreu com a expansão urbana. Além disso, ela também foi protagonista dos vários ciclos econômicos do país: o ciclo do pau-brasil (século 16), o ciclo da cana-de-açúcar (séculos 16 e 17), o ciclo do ouro (século 17) e o ciclo do café (séculos 19 e 20).
Por essas razões, a mata atlântica hoje possui apenas cerca de 7% da sua cobertura original. Ela é um dos biomas mais biodiversos e, ao mesmo tempo, mais ameaçados do planeta. Mesmo extremamente devastada, a mata atlântica é usada para o abastecimento de água de muitos estados (tanto para consumo quanto para a agricultura), para fins de lazer e turismo, para geração de energia, para regulação do clima, para estudos científicos e muitos outros fins. Por isso a sua preservação e recuperação são tão fundamentais.
Então, quando assistir a um filme ou jogar um jogo, faça um exercício de observação e não trate a natureza apenas como um complemento visual, como algo de menor importância na história. Afinal, é da natureza que tiramos todos os recursos de que necessitamos para viver. E pode ter certeza de que eles farão muita falta se os esgotarmos sem dar chances de a natureza se recuperar.
Lucas Mascarenhas de Miranda
Físico e divulgador de ciência
Universidade Federal de Juiz de Fora
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