A crença do europeu na existência de monstros e seres maravilhosos serviu para justificar a inferioridade, a incivilidade e a necessidade de cristianização dos outros, como ocorreu no continente africano e nas Índias
A crença do europeu na existência de monstros e seres maravilhosos serviu para justificar a inferioridade, a incivilidade e a necessidade de cristianização dos outros, como ocorreu no continente africano e nas Índias
Uma das crenças do século 6 da nossa era propagava que a Terra era quadrada, tendo como parâmetro o Tabernáculo de Moisés. Sua descrição seria a de uma gaiola onde estavam encerrados o Sol, a Lua e todos os astros. No entanto, outras formas de representar a Terra foram surgindo com o tempo: oblíquas, triangulares, ovais ou semicirculares, e vários mapas foram criados para dar conta dessas representações. Qualquer uma era possível, desde que estivesse abalizada pelas escrituras sagradas.
Em conformidade com o pensamento de que a Terra era quadrada, o ocidente medieval acreditava que nos confins do planeta habitavam raças fabulosas, seres que não se podia definir como homem ou animal. Relatos de historiadores, viajantes, poetas, clérigos enfeixavam esses seres em listagens maravilhosas.
Até mesmo Cristóvão Colombo dizia que “nos quatro lados, nossa Terra é habitável por uma terra desconhecida”. Afirmação que decorria da dificuldade em representar o planeta, uma vez que os mapas medievais não o ajudavam. No entanto, o navegador, já intuindo a esfericidade do planeta, o representava em forma de pera, supondo que o paraíso ficava na parte superior, logo abaixo da haste da fruta, e por ser o ponto mais elevado não fora atingido pelo dilúvio. Em seu diário da descoberta da América, ele jurou ter avistado três sereias saltarem sobre o mar, “mas elas não eram bonitas como se diziam, pois tinham cara de homem”. Esse diário foi visto pelo escritor colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014) como o primeiro livro do realismo mágico, porque muitas das descrições de Colombo nada devia aos enredos dos contos maravilhosos.
Quando contemplado com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1982, García Márquez escreveu um discurso que pode ser considerado material fundamental para entendermos a nossa realidade, e também o que muitos críticos de literatura (alguns de forma pejorativa) chamaram de realismo mágico. No discurso, que deixou a Academia Sueca de Letras abismada, o laureado dá conta de que o insólito e o maravilhoso de sua produção literária tinham como pano de fundo a barbárie latino-americana – daí o título “A solidão da América Latina”.
A crença do europeu na existência de monstros e toda sorte de seres maravilhosos que, em geral, habitavam um lugar desconhecido, não colonizado, servia para justificar a inferioridade, a incivilidade e a necessidade de cristianização dos outros, como ocorreu na descoberta do novo mundo, no continente africano e nas Índias.
Até mesmo o grande naturalista francês Conde de Buffon (1707-1788), que influenciou as teoria evolucionistas de Darwin e Lamarck, registra em sua monumental obra História Natural que, na fronteira dos desertos da Etiópia havia um povo chamado de acridófago ou comedores de gafanhoto. Tratava-se de um povo negro, muito magro e muito ligeiro nas corridas, e que, na primavera se alimentava do tal inseto; o que até então não seria inverossímil, tampouco preconceituoso, não fosse o fato de, por conta desta alimentação, nascerem-lhes na pele insetos alados que se multiplicavam, provocando uma insuportável comichão que levava à morte. Os tais gafanhotos começavam a devorar o ventre, o peito e até os ossos do infeliz hospedeiro. Buffon reproduz essa história dos relatos de viagem do famoso navegador inglês Francis Drack (c.1540-1596) – corsário e traficante de escravos – que, em sua viagem ao redor do mundo, conheceu esse povo. O mais incrível deste relato é que Buffon, apesar de achar a história um tanto extraordinária, afirma que ela não lhe parece de todo inverossímil.
Diferente da maioria dos viajantes, Buffon era um intelectual. Formou-se em Direito e dedicou-se aos estudos de Matemática e Medicina, assim como vários outros naturalistas. Essas suas qualificações contribuíram para abalizar, disseminar e fixar o preconceito e o genocídio cometido contra os povos colonizados.
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