A terra, o domínio ou a posse do território original são um bem material essencial para os povos indígenas. No entanto, essa terra também é um bem imaterial de proporções inimagináveis para uma parte de nossa sociedade. O território carrega o passado, a história do povo e sua forma de vida. Além disso, a posse da terra está no centro da maioria dos conflitos entre diferentes grupos de nossa sociedade organizada.
Para os povos originários, a terra é essencial para sua sobrevivência, e a biodiversidade presente só pode ser protegida se o território não for muito impactado. Em contrapartida, as pressões econômicas buscam expandir a área destinada à produção de insumos e alimentos, colocando em risco tanto o modo de vida tradicional quanto a preservação ambiental que o território indígena garante.
Esse risco é amplificado pela insegurança jurídica gerada por debates, como o do marco temporal, que pode afetar vastas áreas dos territórios indígenas e prejudicar a proteção ambiental.
Constatamos que o marco temporal pode impactar uma área equivalente a mais de 1,2 milhão de campos de futebol. Além disso, as terras indígenas desempenham um papel fundamental na preservação da biodiversidade, abrigando 85,7% das espécies de vertebrados ameaçadas no Brasil.