Marco temporal: danos à política indígena, climática e ambiental

Laboratório de Ecologia Teórica, Metacomunidades e Paisagens
Universidade Federal de Goiás
Laboratório de Ecologia Teórica, Metacomunidades e Paisagens
Universidade Federal de Goiás
Laboratório de Ecologia Teórica, Metacomunidades e Paisagens
Universidade Federal de Goiás

O marco temporal para a demarcação de terras indígenas, embora tenha sido declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, foi incluído como um dos artigos da Lei 14.701/2023, aprovada em dezembro de 2023. Além de representar um risco à vida dos povos originários, sua aplicação também configura um impacto ambiental, com consequências para a conservação da biodiversidade e o processo de adaptação às mudanças climáticas pelo país.

CRÉDITO: COLAGEM FEITA POR DAISY JORGE LIMA. FOTOGRAFIAS DA IDOSA ORIGINÁRIA, DOS INDÍGENAS COM A CONSTITUIÇÃO, DAS BANDEIRAS DO BRASIL HASTEADA E SEGURADA POR UMA ORIGINÁRIA, FEITAS POR RUY SPOSATI, FÁBIO NASCIMENTO, EDGAR KANAYÕ E BRENNO CARVALHO, RESPECTIVAMENTE

A terra, o domínio ou a posse do território original são um bem material essencial para os povos indígenas. No entanto, essa terra também é um bem imaterial de proporções inimagináveis para uma parte de nossa sociedade. O território carrega o passado, a história do povo e sua forma de vida. Além disso, a posse da terra está no centro da maioria dos conflitos entre diferentes grupos de nossa sociedade organizada. 

Para os povos originários, a terra é essencial para sua sobrevivência, e a biodiversidade presente só pode ser protegida se o território não for muito impactado. Em contrapartida, as pressões econômicas buscam expandir a área destinada à produção de insumos e alimentos, colocando em risco tanto o modo de vida tradicional quanto a preservação ambiental que o território indígena garante.

Esse risco é amplificado pela insegurança jurídica gerada por debates, como o do marco temporal, que pode afetar vastas áreas dos territórios indígenas e prejudicar a proteção ambiental. 

Constatamos que o marco temporal pode impactar uma área equivalente a mais de 1,2 milhão de campos de futebol. Além disso, as terras indígenas desempenham um papel fundamental na preservação da biodiversidade, abrigando 85,7% das espécies de vertebrados ameaçadas no Brasil.

Os 495 territórios indígenas avaliados abrigam 85,7% das espécies de vertebrados ameaçadas, sendo 35,2% das espécies nas terras demarcadas até 1988, 80,27% nas demarcadas posteriormente, e 74,8% nas áreas autorizadas pela Funai, mas sem demarcação oficial

Figura 1. O mapa apresenta a distribuição do número de espécies preservadas nas terras indígenas estudadas, bem como uma análise entre os grupos de vertebrados terrestres dentro das categorias de avaliação do marco temporal

CRÉDITO: DAISY JORGE LIMA

CONTEÚDO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Para acessar este ou outros conteúdos exclusivos por favor faça Login ou Assine a Ciência Hoje.

Seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros conteúdos desta edição

725_480 att-91182
725_480 att-91158
725_480 att-91325
725_480 att-91265
725_480 att-91106
725_480 att-91202
725_480 att-91191
725_480 att-91140
725_480 att-91173
725_480 att-91333
725_480 att-91148
725_480 att-91124
725_480 att-91167
725_480 att-91223
725_480 att-91213

Outros conteúdos nesta categoria

725_480 att-81551
725_480 att-79624
725_480 att-79058
725_480 att-79037
725_480 att-79219
725_480 att-91325
725_480 att-91265
725_480 att-91106
725_480 att-90638
725_480 att-90796
725_480 att-90686
725_480 att-90612
725_480 att-90212
725_480 att-90189
725_480 att-90203