Os vírus são organismos diversos e abundantes na Terra. Apresentam imensa variedade de tamanhos, formatos, conteúdos e estratégias de multiplicação. Mas as partículas virais contam com uma estrutura relativamente simples e são incapazes de fazer cópias de si mesmas sozinhas.
Portanto, uma característica comum a todos os vírus é a necessidade de estarem dentro de uma célula hospedeira para que consigam produzir suas cópias, o que os torna parasitas intracelulares obrigatórios.
Na fase intracelular, o vírus atinge seu metabolismo pleno e é capaz de controlar os recursos da célula a seu favor. A natureza restritamente parasitária dos vírus e sua diversidade fazem com que parasitem não só organismos de toda a árvore da vida, mas também outros vírus.
Ainda assim, os vírus que parasitam outros vírus também não conseguem se multiplicar fora de uma célula hospedeira. Aqui, a situação se torna mais complexa, porque o vírus parasita usa os recursos do vírus parasitado quando este toma controle de sua célula hospedeira.
Imagine um sistema com três componentes: uma célula hospedeira é infectada por um vírus comum, e o par célula-vírus é então parasitado por um segundo vírus que rouba recursos não só da célula, mas também do vírus que está parasitando.
Exemplo dessa relação ocorre em alguns bacteriófagos (ou fagos), vírus que infectam bactérias e formam o grupo viral mais abundante do planeta Terra. Normalmente, os fagos infectam sua bactéria hospedeira e se multiplicam, formando bilhões de cópias de si mesmos.
Mas alguns fagos têm vírus satélites (ou seja, vírus parasitas) que não conseguem se multiplicar sozinhos e, portanto, usam a maquinaria do fago e da célula hospedeira para se multiplicar, prejudicando o ciclo de multiplicação do fago. Nesses casos, no fim da infecção, são formadas mais cópias do vírus satélite do que do próprio fago.
O sucesso do vírus satélite, então, depende não só de ele encontrar a célula correta, mas também da necessidade de a célula estar infectada com o vírus a ser parasitado.