As atividades da indústria do petróleo, com seus impactos profundos sobre o oceano, seguem testando os limites da capacidade de recuperação ambiental
As atividades da indústria do petróleo, com seus impactos profundos sobre o oceano, seguem testando os limites da capacidade de recuperação ambiental
CRÉDITO: FOTO ADOBE STOCK
O petróleo é um recurso natural composto por milhares de substâncias originadas do acúmulo, ao longo de milhões de anos, de restos de organismos soterrados por camadas de areia, lama e rochas. É matéria-prima de combustíveis como gasolina e diesel, e também de uma diversidade de produtos, como plásticos, cosméticos, medicamentos, alimentos, tecidos… Os resíduos da indústria petrolífera, no entanto, vão além do que nossos olhos conseguem ver, com consequências drásticas.
A exploração comercial do petróleo é considerada recente. O primeiro poço foi furado em 1859, na cidade de Titusville, na Pensilvânia, Estados Unidos. Já nessa época, enquanto o petróleo bruto era transportado, é possível que os primeiros derrames tenham ocorrido. A partir daí, a produção e o uso desse combustível fóssil cresceu exponencialmente. A extração offshore e o transporte em grandes navios petroleiros são os principais responsáveis pelos derrames de milhares de toneladas de óleo que aconteceram e acontecem até hoje em diferentes partes do oceano.
Mas os acidentes com navios ou a ruptura de oleodutos não são as únicas formas pelas quais o petróleo e seus derivados entram no ambiente marinho. Na verdade, as entradas em grande volume ocorrem cotidianamente em operações nas refinarias, em navegação, no trânsito nos portos, em plataformas de petróleo, nos dejetos urbanos e industriais, na drenagem urbana e no transporte atmosférico.
Os efeitos das descargas, tanto acidentais quanto crônicas, são estudados em ecossistemas, organismos e processos biológicos. Os impactos ambientais podem diferenciar-se em função de fatores que afetam a distribuição do óleo derramado, composição, degradação e persistência – e, consequentemente, sua biodisponibilidade.
O óleo varia conforme o material de origem, as condições durante a sua formação e a estrutura e composição química das rochas reservatórias. Essa variação dificulta a identificação das fontes de derramamentos. Em oceano aberto, as concentrações podem decrescer rapidamente pela difusão e pelas correntes. Em ambientes costeiros, porém, isso é mais difícil, especialmente naqueles de baixa energia como baías, estuários e manguezais.
Em geral, quando o petróleo atinge a linha de costa, são necessários anos para que as comunidades biológicas recuperem o estado anterior ao derrame. Os efeitos biológicos dos hidrocarbonetos do petróleo nos organismos marinhos envolvem a persistência e a biodisponibilidade desses compostos, a habilidade de acumulação ou metabolização, ou a capacidade de interferirem no metabolismo normal desses organismos.
Um exemplo importante dos impactos causados pela poluição por petróleo no ambiente marinho foi o aparecimento de manchas de óleo no Nordeste do nosso país, em agosto de 2019. Durante meses, elas persistiram em 11 estados do país, resultando em uma das maiores tragédias ambientais na costa brasileira. Uma área de mais de 3.200 km de costa foi impactada com mais de 200 toneladas de um óleo escuro e viscoso de origem desconhecida. Até hoje, os impactos ambientais são visíveis em algumas áreas, com danos significativos à biodiversidade.
Recentemente, em outubro de 2022, foram recuperadas mais de sete toneladas de óleo que chegaram à costa do Nordeste brasileiro e revelaram uma ligação clara com o material que chegou em 2019. Além da vida marinha, um dos grupos mais afetados pelo desastre foi o dos pescadores artesanais, por dependerem do mar para sua subsistência. O turismo também sofreu, acumulando prejuízos à economia local. Sem falar nos impactos socioambientais – a limpeza das praias teve um custo financeiro elevado para o país. A falta de clareza sobre a origem do vazamento e a demora na resposta às consequências do acidente mostraram a necessidade de pesquisas aprofundadas para fornecer subsídios para o entendimento do problema e auxiliar na implementação e melhoria de protocolos de segurança, bem como de planos de contingência para desastres ambientais.
Em se tratando de tragédias mundiais, até hoje o oceano não está curado de uma ferida aberta no dia 20 de abril de 2010, quando uma explosão provocou a destruição da plataforma Deepwater Horizon. Esse vazamento de mais de 134 milhões de barris de petróleo no Golfo do México, que se estendeu por centenas de quilômetros, é considerado o pior desastre de derramamento de petróleo da história.
Vale lembrar que, além de todos os problemas que podem acarretar os derrames tanto acidentais quanto crônicos, o uso do petróleo para gerar energia é uma das principais fontes de gases de efeito estufa. Ou seja: o petróleo tem relação direta com as mudanças climáticas, que tem a acidificação do oceano como uma de suas mais graves consequências. Apesar do movimento global em direção à descarbonização, esse combustível fóssil continuará a fazer parte do setor energético até que novas alternativas estejam disponíveis em quantidade e escala suficiente para substituí-lo.
*A coluna Cultura Oceânica é uma parceria do Instituto Ciência Hoje com a Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano da Universidade de São Paulo e com o Projeto Ressoa Oceano, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
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