Por que a vacina oral para poliomielite não será mais aplicada no Brasil?

Departamento de Virologia
Instituto Oswaldo Cruz
Fiocruz

CRÉDITO: ADOBE STOCK

O último caso de poliomielite paralítica causada por um poliovírus selvagem no Brasil ocorreu em março de 1989 na região Nordeste. Desde então, nosso país não mais reportou a presença desses vírus. Esse feito notável foi alcançado graças à aplicação em massa, desde 1980, da vacina oral (OPV) atenuada Sabin, a vacina do Zé Gotinha.

A vacina oral é extremamente eficaz, sendo a vacina mais comumente utilizada no mundo na luta contra a poliomielite (paralisia infantil). Desde 1988, essa vacina ajudou a reduzir em mais de 99% o número de casos de poliomielite em todo o planeta. Ela é barata, fácil de administrar e confere longa proteção contra a doença. Entretanto, em casos extremamente raros (1 a cada 10 – 15 milhões de doses aplicadas), a vacina oral atenuada pode causar doença paralítica. Além disso, em locais com baixa cobertura vacinal, o vírus atenuado pode circular na comunidade e, com o tempo, pode sofrer mutações. Quando isso ocorre, o vírus em questão é denominado poliovírus vacinal derivado, o qual readquire o caráter neurovirulento.

Outra vacina utilizada no combate à pólio é a vacina inativada (IPV) ou vacina Salk. Ao contrário da vacina oral, constituída por poliovírus atenuados, a vacina IPV contém vírus inativados, que não sofrem modificações genéticas. Todavia, a IPV é bem mais cara que a vacina oral e precisa ser aplicada por profissional treinado, pois exige administração intramuscular ou intradérmica.

A segurança quanto à ausência de risco de modificações genéticas, porém, levou o Ministério da Saúde do Brasil a substituir a vacina oral Sabin pela vacina inativada Salk. Desde 4 de novembro de 2024, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) passam a aplicar apenas a vacina inativada, recomendada aos 2, 4 e 6 meses de idade. E as gotinhas da vacina oral dão lugar a uma dose de reforço da vacina inativada, aos 15 meses. Entretanto, na eventual ocorrência de um surto de poliomielite, a vacina oral ainda é a escolhida.

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