Desvendando o ‘imunoprivilégio’

Laboratório de Imunologia Molecular e Celular
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Microbiologia Paulo de Góes
Universidade Federal do Rio de Janeiro

O sistema imunitário é essencial para reagir contra infecções, organismos estranhos e doenças. Mas determinadas respostas imunes podem causar danos em tecidos ou órgãos, levando à perda de suas funções. Ao longo da evolução, o corpo humano desenvolveu uma vantagem adaptativa – o chamado imunoprivilégio – de modo a proteger estruturas vitais, como olhos, placenta, cérebro e testículos, contra respostas imunes prejudiciais. Essa ‘imunidade restrita’ preserva funções essenciais, prevenindo danos graves, como cegueira, aborto ou infertilidade.

Muitos leitores talvez não tenham ouvido falar de ‘imunoprivilégio’. O termo foi criado para dar nome a uma condição de vantagem ou exclusividade em relação à resposta imune de alguns órgãos e estruturas do nosso corpo. Algumas vezes, o sistema imunitário, ao desencadear as suas respostas para controlar uma infecção, por exemplo, causa um dano em tecidos ou órgãos, o que pode levar à perda de suas funções. Os principais locais ‘imunoprivilegiados’ do nosso corpo – ou seja, aqueles que não seriam afetados por essa reação imunológica – são os olhos, a placenta, o cérebro e os testículos.

Imaginemos o que aconteceria se houvesse uma resposta imunológica destrutiva para certas estruturas de nossos olhos. Ou se o sistema imunitário reagisse contra o feto por considerar que representa perigo para o organismo materno. Ou, ainda, se houvesse uma resposta imune contra os espermatozoides.

Para evitar uma possível cegueira, um aborto ou a infertilidade, o organismo evoluiu de modo a controlar, de forma especial, as respostas imunes desenvolvidas em alguns de seus tecidos e estruturas vitais. Mas, como os cientistas chegaram a essa observação?

Para evitar uma possível cegueira, um aborto ou infertilidade indesejados, o organismo evoluiu de modo a controlar de forma especial as respostas imunes desenvolvidas em alguns de seus tecidos e estruturas vitais

Por meio de experiências com animais, pesquisadores no final do século 19 e início do 20 observaram que células tumorais transplantadas na câmara anterior do olho sobreviviam por um longo tempo, não sendo eliminadas pelo sistema imunitário. Entretanto, se essas mesmas células fossem transplantadas por baixo da pele do animal, elas eram destruídas (figura 1).

Figura 1. Esquema das experiências iniciais que promoveram o descobrimento do ‘imunoprivilégio’

A figura foi criada pelas autoras utilizando o APP Biorender na versão GRATUITA, e finalizado no Power Point.

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