Muitos leitores talvez não tenham ouvido falar de ‘imunoprivilégio’. O termo foi criado para dar nome a uma condição de vantagem ou exclusividade em relação à resposta imune de alguns órgãos e estruturas do nosso corpo. Algumas vezes, o sistema imunitário, ao desencadear as suas respostas para controlar uma infecção, por exemplo, causa um dano em tecidos ou órgãos, o que pode levar à perda de suas funções. Os principais locais ‘imunoprivilegiados’ do nosso corpo – ou seja, aqueles que não seriam afetados por essa reação imunológica – são os olhos, a placenta, o cérebro e os testículos.
Imaginemos o que aconteceria se houvesse uma resposta imunológica destrutiva para certas estruturas de nossos olhos. Ou se o sistema imunitário reagisse contra o feto por considerar que representa perigo para o organismo materno. Ou, ainda, se houvesse uma resposta imune contra os espermatozoides.
Para evitar uma possível cegueira, um aborto ou a infertilidade, o organismo evoluiu de modo a controlar, de forma especial, as respostas imunes desenvolvidas em alguns de seus tecidos e estruturas vitais. Mas, como os cientistas chegaram a essa observação?