Por que mamíferos não cresceram tanto quanto dinossauros?

Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora

Uma comparação de tamanho entre um dos maiores dinossauros saurópodes, Patagotitan mayorum, e vários grandes mamíferos terrestres

CRÉDITO: WIKIMEDIA COMMONS

Os grandes dinossauros saurópodes, os famosos “pescoçudos”, atingiam dimensões colossais. Entre os maiores já identificados estão os sul-americanos Patagotitan mayorum e Argentinosaurus huinculensis, com 100 milhões de anos. Esses verdadeiros monstros mediam até 40 metros de comprimento e estima-se que pesavam até 80 toneladas, sendo os maiores animais terrestres conhecidos. Por outro lado, os maiores mamíferos terrestres que já existiram não devem ter pesado mais de 22 toneladas. Isso provavelmente se deve a uma limitação anatômica e fisiológica, como aponta o paleontólogo estadunidense Steve Brusatte em seu livro Ascensão e reinado dos mamíferos (editora Record, 2024).

Nós, mamíferos, temos um mecanismo de respiração bidirecional “em maré”. Ou seja, quando inspiramos, os pulmões se enchem de ar e, quando expiramos, eles se contraem. Por outro lado, as aves, que são o único grupo de dinossauros que sobreviveram à grande extinção de 66 milhões de anos atrás, possuem um mecanismo de respiração diferenciado, que possivelmente estava presente em seus parentes extintos. Seus pulmões funcionam com um fluxo contínuo de ar: o ar entra por um lado e sai por outro, em uma direção única. Isso cria um fluxo contínuo pelos pulmões que faz com que a absorção de oxigênio ocorra tanto na inspiração quanto na expiração. Muito mais eficiente que a forma de respirar dos mamíferos.

Não bastasse isso, as aves ainda são dotadas de estruturas internas conectadas aos pulmões, chamadas sacos aéreos, que ocupam parte das cavidades torácica, abdominal e ainda penetram alguns ossos ocos, chamados pneumáticos. Cavidades que devem ter sido preenchidas por sacos aéreos foram encontradas em fósseis de dinossauros de grande porte, como os saurópodes. Possivelmente, esses sacos funcionavam como um ar-condicionado biológico, e o ar que circulava por eles resfriava o corpo dos grandalhões. Além disso, os ossos pneumáticos seriam mais leves que os ossos maciços. Essas duas características ajudariam os dinossauros a atingirem proporções jamais vistas nos mamíferos. Nas palavras de Steve Brusatte: “Dinossauros grandes respiravam com mais eficiência, resfriavam seus corpos mais facilmente e tinham esqueletos mais leves e flexíveis.”

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