Instituto Carlos Chagas
Fundação Oswaldo Cruz - Paraná
O aumento de surtos e epidemias causados por vírus emergentes, principalmente os transmitidos por picada de insetos, reforça a importância de estudos para prospecção de novos vírus, diagnóstico correto das infecções e vigilância epidemiológica
CRÉDITO: IMAGEM ADOBESTOCK
Nos últimos 50 anos, a América do Sul – e, particularmente, o Brasil – tem sofrido um número crescente de surtos e epidemias devido a infecções por vírus emergentes, principalmente arbovírus (vírus transmitidos a vertebrados pela picada de mosquitos e outros artrópodes infectados).
Várias condições podem influenciar a emergência dos arbovírus e impactar sua transmissão, como: expansão demográfica e urbanização não planejada; destruição da biodiversidade e aquecimento global; aumento da taxa de contato entre animais selvagens e humanos; características genéticas virais que podem levar a mutações e recombinação; e aumento da conectividade global.
Os vírus zoonóticos (transmitidos de animais para humanos) podem passar diretamente de hospedeiros naturais (por exemplo, morcegos, roedores e macacos) para humanos ou serem transmitidos através de hospedeiros intermediários (como aves, bovinos e equinos) ou vetores (mosquitos e carrapatos).
Setenta e cinco por cento das doenças infecciosas emergentes têm origem em hospedeiros animais e mais de 60% de todos os agentes patogênicos humanos são zoonóticos. Pouco mais de 250 vírus zoonóticos conhecidos já foram transmitidos de animais para humanos e causaram doenças em pessoas. Estratégias para identificar e caracterizar vírus emergentes, como plataformas de sequenciamento genômico em larga escala e análises utilizando inteligência artificial, têm detectado centenas de novos vírus com risco desconhecido de causar doenças em humanos. Estima-se que existam milhões de vírus não descritos em mamíferos e aves e que a maioria dos vírus animais existentes na natureza permaneça ainda desconhecida.
Da emergência local até a propagação regional e global, múltiplos fatores impactam o equilíbrio dos ciclos de transmissão selvagem que impulsionam a dispersão viral e novos ciclos de transmissão. Temperaturas mais elevadas e o aumento da pluviosidade gerados pelas mudanças climáticas têm influenciado o ciclo de vida e a distribuição dos potenciais vetores de arbovírus.
O Brasil, por sua diversidade de biomas, possui condições ideais para a ocorrência e manutenção do ciclo silvestre de diversas arboviroses. A região amazônica abriga uma grande diversidade de arbovírus, alguns deles com potencial de emergir com risco à saúde humana. Além disso, a existência de cidades densamente povoadas e com altos índices de infestação por mosquitos dos gêneros Culex e Aedes é um forte fator de risco para a transmissão de novos arbovírus.
Estratégias para identificar e caracterizar vírus emergentes, como plataformas de sequenciamento genômico em larga escala e análises utilizando inteligência artificial, têm detectado centenas de novos vírus com risco desconhecido de causar doenças em humanos
Dentre os arbovírus mais relevantes para a saúde pública no Brasil, podemos destacar os quatro sorotipos do vírus dengue, o vírus zika, o vírus da febre amarela, o vírus chikungunya e, mais recentemente, o vírus oropouche. A circulação, em menor extensão, de outros arbovírus clinicamente relevantes aumenta a complexidade do panorama epidemiológico.
Um dos maiores desafios desse contexto é realizar o diagnóstico diferencial dessas infecções e determinar o agente etiológico, já que os sintomas clínicos iniciais da maior parte das arboviroses podem ser confundidos entre si. Foi o que aconteceu recentemente em relação ao vírus oropouche, cujos casos estavam sendo diagnosticados como dengue.
A identificação de um número crescente de novos vírus a partir de amostras de mosquitos coletados na natureza, em especial de vírus específicos de insetos (ISVs, na sigla em inglês), tem sido descrita. Apesar de os ISVs não causarem doenças em humanos ou animais, tem crescido o interesse em estudar esses vírus e sua interação com arbovírus clinicamente importantes.
ISVs e arbovírus patogênicos compartilham os mesmos nichos ecológicos, podendo infectar os mesmos vetores. Assim, a circulação de ISVs representa um desafio para a interpretação de padrões epidemiológicos de arbovírus, uma vez que a presença de ISVs em mosquitos pode afetar sua infecção secundária por arbovírus e sua capacidade de transmissão para humanos. Dessa forma, técnicas clássicas de virologia, como o isolamento viral em cultura de células ou tecidos (mini órgãos) in vitro, são essenciais para estudos sobre interação, biologia e morfogênese viral, assim como para investigar a resposta do hospedeiro à infecção em modelos in vivo (por exemplo, mosquitos).
A partir de análises de genomas virais, é possível entender melhor o risco de emergência de determinados vírus como patógenos de importância clínica e veterinária e preparar o sistema de saúde para ações de enfrentamento. Atenção especial deve ser dada às fronteiras biogeográficas, onde existe a oportunidade de contato e transmissão viral entre animais e humanos, o que pode resultar no compartilhamento de vírus entre espécies diferentes (spillover), um processo que pode passar despercebido por longo tempo. Assim, é importante que sejam estabelecidas políticas e estratégias de vigilância epidemiológica e genômica permanentes, especialmente nessas áreas.
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