Em novembro de 2019, o número de casos de pneumonia aumentou consideravelmente na cidade de Wuhan, na China. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou oficialmente o primeiro caso da misteriosa pneumonia no dia 31 de dezembro de 2019. O que antes era um surto local rapidamente se disseminou e foi classificado pela OMS como pandemia no dia 11 de março de 2020. Atualmente, foram confirmados mais de 146 milhões de casos e 3 milhões de mortes em decorrência da covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2. No Brasil, foram mais de 14 milhões de casos confirmados, com mais de 386 mil mortes até abril deste ano, segundo dados do Ministério da Saúde. A doença tem uma letalidade alta – 2,1% dos infectados no mundo e 2,7% no Brasil – dentro de um cenário de grande subnotificação, aliada à comprovada transmissibilidade elevada da infecção.
Apesar dos esforços globais para compreender os mecanismos de infecção pelo SARS-CoV-2, os conhecimentos sobre as respostas celulares e moleculares ao vírus ainda são limitados, o que dificulta o desenvolvimento de drogas específicas para tratamento e prevenção da doença. Nesse contexto, o desenvolvimento de diferentes plataformas vacinais para o SARS-CoV-2 mostrou-se a melhor estratégia no enfrentamento da covid-19 em nível individual e populacional.
Por estar associada a um novo patógeno para os seres humanos, a natureza das respostas imunes ao SARS-CoV-2 ainda é mal compreendida e não há clareza de quais estratégias vacinais obterão mais sucesso na prevenção da doença. Portanto, o desenvolvimento de múltiplas vacinas em paralelo é essencial para garantir a proteção da população. De fato, desde o início da disseminação do vírus, pesquisadores de todo o mundo estão focados em desenvolver vacinas para conter a covid-19, e existem pelo menos 175 candidatas sendo desenvolvidas em fase pré-clínica e 63 em fase clínica.
Atualmente, temos disponíveis no mercado oito vacinas com três tecnologias distintas capazes de induzir a formação de anticorpos contra o SARS-CoV-2. Uma delas é a vacina de mRNA (tecnologia empregada pela Pfizer e Moderna), baseada na síntese de um RNA mensageiro sintético que dá instruções para as células produzirem a proteína spike (usada pelo SARS-CoV-2 para penetrar nas células humanas). Outra é a vacina de vetor viral – tecnologia da Oxford/AstraZeneca, Sputinik V e Johnson & Johnson (Jansen) –, que usa um adenovírus (vírus de resfriado comum) com genoma modificado para expressar a proteína spike. A terceira tecnologia é empregada na vacina de vírus inativado (caso da Coronavac, Sinopharm e Covaxin), em que o SARS-CoV-2 é cultivado em células, inativado por um agente químico, purificado e formulado junto com um adjuvante (substância para melhorar a eficácia da vacina).
Todas essas vacinas foram concebidas utilizando-se a versão antiga do SARS-CoV-2 isolado em Wuhan, na China. Mas, desde novembro de 2020, variantes do SARS-CoV-2 passaram a ser responsáveis pela maioria das novas infecções em nível global. E não sabemos se essas vacinas que já estão no mercado podem proteger os seres humanos contra as novas variantes.
Além disso, a pandemia de covid-19 salientou as extremas desigualdades entre os países. O Brasil, por exemplo, teve dificuldades de acesso aos reagentes, kits e equipamentos necessários para a implementação de estratégias de combate e testes massivos de diagnóstico da covid-19.
Por outro lado, temos, no Brasil, duas transferências de tecnologia para a produção da vacina de Oxford/AstraZeneca e da Coronavac, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Butantan, respectivamente. Apesar desses acordos, a produção nacional das vacinas depende da importação de remessas do insumo farmacêutico ativo (IFA), e atrasos nesse processo impactam diretamente o andamento da vacinação.
Portanto, o desenvolvimento de uma estratégia nacional complementar representará a soberania do Brasil na produção de vacinas contra SARS-CoV-2, permitindo o acesso em massa da população brasileira à imunização contra a covid-19 com custo mais acessível ao nosso governo.
Nessa linha de atuação, cientistas brasileiros já desenvolveram quatro vacinas que mostraram uma boa resposta de anticorpos quando injetadas em camundongos. Uma delas é uma nova vacina de mRNA, que vem sendo desenvolvida por nosso grupo na Universidade Federal do Rio de Janeiro e tem foco nas novas variantes do SARS-CoV-2 e em conferir uma proteção mais duradoura. Os testes pré-clínicos dessa vacina devem acabar até o final de 2021. Agora essas vacinas desenvolvidas no Brasil necessitam de mais investimentos para alcançar as fases clínicas e entrar na fase de produção.
Amilcar Tanuri
Laboratório de Virologia Molecular,
Universidade Federal do Rio de Janeiro
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