Uso de tecnologias da informação e comunicação tem assumido papel fundamental na geração de conhecimento e produtos voltados ao enfrentamento da crise sanitária e pode contribuir para a maior equidade em saúde
CRÉDITO: FOTO ADOBE STOCK
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Atualmente, os dados digitais, provenientes de todos os campos de atuação humana e dos fenômenos naturais, são um elemento essencial da informação e a base para o conhecimento. A integração e a análise dos dados para gerar conhecimento são fundamentais em todas as áreas. O termo ‘saúde digital’ designa o emprego rotineiro de tecnologias da informação e da comunicação para atender às necessidades de saúde. A Organização Mundial da Saúde prevê que o uso inovador e estratégico das tecnologias digitais será fundamental para garantir o acesso de mais um bilhão de pessoas aos benefícios da cobertura universal da saúde. Para além do impacto no campo da medicina e da saúde coletiva, a saúde digital afetará fortemente as profissões da saúde e suscita um necessário repensar nos campos da bioética e do biodireito.
A disponibilidade de grandes volumes de dados continuamente expandidos (‘big data’), a biologia sintética e a internet das coisas, por exemplo, são uma nova realidade na produção e utilização do conhecimento. A internet das coisas viabiliza a análise de dados digitais coletados de diversos equipamentos, como um enorme volume de dados laboratoriais, mesmo aqueles cuja análise depende de sons e imagens, por exemplo. O uso adequado da inteligência artificial permite obter um enorme volume de informações dos textos dos prontuários médicos. A inteligência artificial também inclui a área do aprendizado de máquina (machine learning) e do aprendizado profundo (deep learning) que já apresentam forte influência no campo da saúde.
Esses avanços necessitam de infraestrutura eletrônica avançada para pesquisa intensiva de dados. A redução progressiva do custo dos recursos computacionais e a operação virtual dos equipamentos permitiram o desenvolvimento de grandes parques computacionais virtuais, em grande parte mantida na ‘nuvem’ computacional e de acesso a partir de múltiplos pontos. Essa combinação de disponibilidade enorme de dados e aumento acelerado dos recursos computacionais disponíveis permite a expansão da ciência de dados em múltiplos campos.
O enfrentamento da covid-19 utilizou múltiplas facetas da saúde digital. Na fase inicial da pandemia, o sequenciamento do ácido nucleico do vírus gerou dados que, analisados por programas de bioinformática, aumentaram a compreensão da evolução do SARS-CoV-2 e permitiram também identificar as moléculas virais mais prováveis de estimular o sistema imune.
A partir dessas informações, foi também possível fazer modelagem da estrutura das moléculas virais, o que contribui para o desenvolvimento de vacinas e medicamentos. A modelagem permitiu ainda entender a evolução e prever o padrão de dispersão da pandemia, o que auxiliou a adoção de medidas de prevenção e controle. Na modelagem da pandemia, utilizaram-se intensamente modelos matemáticos elaborados a partir da integração de dados de diversas fontes e do emprego de robusta infraestrutura computacional.
O uso intensivo de dados clínicos e laboratoriais, em diversas partes do mundo, levou à rápida identificação das manifestações da doença, permitindo diagnósticos mais precisos. O emprego da biologia de sistemas contribuiu para a compreensão dos mecanismos que tornam a covid-19 tão letal, o que permitiu um rápido aperfeiçoamento do manejo dos pacientes em cada uma das fases da doença.
No campo da saúde coletiva, as abordagens digitais contribuíram fortemente para a vigilância em saúde. A saúde digital mostrou, de forma clara, o seu papel na avaliação da efetividade das vacinas anticovid-19. A análise dos dados de indivíduos vacinados, interligados a bancos de infecção pelo SARS-CoV-2 com dados de hospitalizações e óbitos relacionados à covid-19, permitiu avaliar o impacto da vacinação na proteção contra a doença. No caso do Brasil, têm sido avaliados dados de mais de 160 milhões de vacinados. O grande volume de dados permite a obtenção de resultados de maior precisão na avaliação de grupos. Adicionalmente, a rapidez da análise facilita o uso dos resultados para a tomada de decisões importantes na campanha de vacinação.
Tomados os devidos cuidados relacionados à bioética e à garantia de acesso universal aos seus benefícios, a saúde digital e sua progressiva inserção no Sistema Único de Saúde deverão contribuir para a equidade na incorporação das novas tecnologias na área da saúde.
Manoel Barral-Netto
Fundação Oswaldo Cruz – Bahia
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