Inovação aberta é a articulação coordenada de conhecimentos e processos tecnológicos internos e externos de uma empresa. Esse conceito, conhecido há décadas, se refere ao alinhamento de ativos complementares para geração de novos produtos, serviços e soluções, ou seja, inovação para a sociedade. Mas também pode simplesmente significar a incorporação de uma inovação alcançada fora da organização. A concepção de sistemas fechados de P&D é superada, em busca de mais efetividade no inovar.
A disseminação de iniciativas autônomas em startups, laboratórios universitários e pequenos ou grandes centros tecnológicos fora das grandes empresas produz uma nova dinâmica de inovação no mundo. Pesquisadores empreendedores ou empregados técnicos com boas ideias, por vezes sem espaço para empreender dentro de uma empresa ou instituição, buscam caminhos autônomos, mais livres, mais ágeis, mais arriscados. Muitos fracassam; muitos surpreendem com suas inovações. E as maiores empresas adaptam seus centros de P&D com estruturas capazes de monitorar e interagir com o ecossistema ao seu redor.
Quanto tais práticas são disseminadas no Brasil, seja em instituições científicas e tecnológicas (ICTs) públicas, seja em empresas públicas e privadas? Quanto o país inova sobre como inovar?
O novo marco legal de ciência e tecnologia (Lei 13.243/2016) propicia novos caminhos e incentivos. No entanto, ainda persistem processos extremamente burocratizados, ao lado de limitadíssimos aportes econômicos, travando o potencial que as ICTs têm para promover uma efetiva nova dinâmica de inovação no país. De outro lado, resultados sucessivos da Pesquisa de Inovação (Pintec), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstram que, infelizmente, a inovação não faz parte da cultura da grande maioria das empresas privadas brasileiras. Nas empresas estatais, Petrobras e Embrapa são destaques.
Em 1999, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) concebeu e implementou um novo arranjo organizacional no Paraná voltado à pesquisa e inovação. Instituiu, em parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná (TecPar) e com a secretaria de ciência e tecnologia do estado, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), associação sem fins lucrativos voltada ao desenvolvimento tecnológico em saúde, com capacidade produtiva industrial para kits diagnósticos..
Em 2009, o IBMP tornou-se uma spin-off (empresa derivada) da Fiocruz, com base em um produto inovador: um kit diagnóstico de hepatites B e C e HIV para controle e segurança na transfusão sanguínea. Com autonomia, embora vinculado à Fiocruz, o IBMP inaugurou – e segue – trajetória típica de empresa de biotecnologia, desenvolvendo, inovando e produzindo em escala industrial insumos para saúde, o que lhe confere diferenciada capacidade de inovação e geração de novas soluções diagnósticas e, mais recentemente, também terapêuticas em saúde.
O IBMP tem na Fiocruz, por meio de seus laboratórios espalhados pelo país, o seu principal parceiro científico para desenvolvimento de novos produtos. A flexibilidade e agilidade operacional do IBMP, dada sua natureza privada e sua capacidade de gestão de projetos, têm gerado continuamente novos produtos, com base em modelo de desenvolvimento próprio. Essas inovações são, por definição estatutária do IBMP, oferecidas à Fiocruz e ao TecPar.
Alguns movimentos recentes para radicalizar a inovação aberta estão sendo implementados pelo IBMP, sob acompanhamento da Fiocruz. Foram inaugurados laboratórios e empresas nos Estados Unidos e em Portugal, com objetivo de promover parcerias com os sistemas locais de inovação e acessos aos mercados, possibilitando o desenvolvimento de serviços tecnológicos inexistentes no Brasil e a obtenção de insumos e competências profissionais diferenciadas.
Em outra iniciativa, o IBMP lançou um chamado para desafios de inovação no Brasil e América Latina, com busca ativa de projetos e startups complementares ao Instituto, na tentativa de identificar e aproximar laboratórios e centros avançados de pesquisa em ICTs públicas e privadas. O chamamento para desafios de inovação já existe em grandes empresas no Brasil, embora ainda seja raro. Ele permite lógicas de incorporação de tecnologias, produtos e processos inovadores, novas sociedades, práticas de fomento e mesmo a incubação. É uma iniciativa que requer capacidade de financiamento sustentável, de modo a atrair e incentivar os projetos e startups identificados. A qualidade de produtor industrial confere ao IBMP musculatura econômica para empreender nessa direção.
Inovar em arranjos organizacionais e processos segue sendo desafio para maior dinamismo da inovação no Brasil. Sem dúvida, mais recursos econômicos públicos são fundamentais, mas o modo de inovar também demanda mais criatividade e novos mecanismos, de forma a explorar ao máximo os marcos legais estabelecidos.
Pedro R. Barbosa
Diretor-presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná
Mario Moreira
Vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional,
Fundação Oswaldo Cruz
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